Estréia no Puro Futebol - Gauchão aeternum est!

Parem as máquinas! Contratação de peso no Puro Futebol. Depois de complicada negociação, jogo de bastidores, notícias plantadas, idas e voltas, está oficializado.A partir de agora, aqui no blog, vocês poderão ler os escritos do blogueiro e puro futebolero, Maurício Kehrwald. Ele já havia participado ano passado com um belo texto sobre o Gre-Nal, mas agora a participação será efetiva. Mais adiante ele mesmo informará a freqüência de suas postagens.

Boas-vindas ao Maurício, e fiquem com primeiro texto.

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Gauchão aeternum est!


O Campeonato Gaúcho de futebol é uma espécie de manifestação folclórica representada na prática do famoso esporte bretão, que, no caso do Rio Grande, acima de bretão, é Gauchão: um espetáculo dantesco e ao mesmo tempo belíssimo e belicoso que poderia ser comparado às touradas, não fosse uma questão de mera pontaria. Pois se o touro raramente acerta o toureiro, no certame gaúcho o zagueiro dificilmente erra o atacante.
Confesso que ao comparar o Futebol gaúcho com uma tourada, não pude deixar de lembrar da farra do boi... mas apesar de haver a semelhança dos requintes de crueldade – embora a farra do boi não chegue a níveis assim tão hediondos – ainda não é esta a melhor comparação.
Um exemplo que pode vir a agregar na visualização é o seguinte: colocar um atacante bastante jovem, esguio e habilidoso para pelear num gramado do interior gaúcho, de preferência com chuva, é algo como a boa e velha prática romana de lançar cristãos aos leões. Apesar de existir uma possibilidade maior de o leão ter piedade ou não estar sedento por sangue.
Um zagueiro legítimo, macho e taura, está sempre sedento por sangue. Diz que há zagueiro que não contabiliza gols. Contabiliza carreiras encerradas.
O Campeonato Gaúcho é fogo.

Mas não só de ultraviolência vive o futebol destas paragens. Muito antes pelo contrário.
Inclusive há a tese de que um jogador ,quando desponta num dos grandes times daqui, só está pronto para o mundo depois de disputar pelo menos uma temporada do Ruralito. Se disputar e sair inteiro e não-desmoralizado, é craque.
Ou pelo menos serve pra alguma coisa.
E o que pode ser mais lindo para um povo de tradição tão guerreira, do que assistir no acanhado estádio de seu município, a equipe local – normalmente com sérias restrições no campo do tecnicismo e em outros campos também – resistir bravamente e muitas vezes jogar de igual pra igual com as poderosas, estruturadas e fortes equipes da capital?
E os torcedores dos times grandes do estado? Há espetáculo mais edificante, emocionante e comovente que, num Grenal decisivo no Beira-Rio, participar da horda colorada, do mar vermelho do Gigante e entoar heril canto que se avoluma a acusar os torcedores adversário de adesão a opção sexual pouco ortodoxa? Ou no Olímpico, participar da massa tricolor e bradar urros e cânticos a comparar os torcedores rivais a símios e, exaltada, relembrar glórias, títulos e láureas diversas?
Não. Definitivamente não. Não há espetáculo mais lindo do que este.
Mesmo que não tenhamos o futebol mais técnico – aliás, mesmo quando o que jogamos não é exatamente o futebol
Mesmo que não tenhamos o maior número de craques – muitas vezes, nenhum craque.
Mesmo que não tenhamos canchas com supérfluos, como gramado, por exemplo.
Mesmo que, em clássicos municipais, o número de faltas exceda – e muito, diga-se – o de passes acertados.
Temos, mesmo assim, o maior campeonato do mundo.
Conheça o Gauchão, este caso tórrido de amor e ódio, de ferro e fogo, de caos e paixão.
Gauchão aeternum est!


Maurício Kehrwald


Foto: terraportucallis.com

Aperitivo

Dia 16 de fevereiro escrevi aqui no blog: "Acham a Libertadores "puxada"? Esperem a segundona gaúcha começar..."

Pois errei. Não precisou começar. Nesta quinta-feira, num amistoso preparatório para a Série B do Gauchão que começa em março, enfrentaram-se em Santa Maria, Inter-SM x Bagé.

No primeiro tempo, farta distribuição de cartões amarelos para a equipe jalde-negra do Bagé, que culminou com a expulsão do meio-campista Marcelo Geisler. O Bagé já foi pro vestiário inconformado com a arbitragem.
Na volta para o segundo tempo, o Bagé com um homem a menos, e logo aos 12 minutos, o árbitro marca pênalti...contra o Bagé, e em jogada duvidosa.
O tempo fecha, os jogadores do Bagé vão reclamar veementemente com o árbitro, e também a comissão técnica. O trio de arbitragem se junta ao lado da linha lateral, e alguns do Bagé partem pra cima da arbitragem, e um mais exaltado acaba acertando alguns socos no árbitro.

O jogo foi interrompido por ali mesmo, e a direção do Inter-SM não quer mais saber do amistoso "de volta", que seria neste domingo, em Bagé.

Bom, em termos de mídia, aconteceu o que sempre aconteceu. As imagens foram, mostradas no Globo Esporte do Rio Grande do Sul, no Globo Esporte nacional e até no Arena Sportv (tv fechada). Não critico, sei que isto é notícia, pela violência, mas cá entre nós muito também pelo "pitoresco", na ótica nacional.

O problema, é que Bagé, e mais uma turma de times do interior do Rio Grande do Sul, morrem de inanição em termos de espaços na mídia, ainda mais na nacional, e na Globo.

O Bagé, e outros similares, só são notícia quando peleiam (literalmente) ou quando são chacota, na visão da grande imprensa (algumas vezes as duas coisas).

Isto não é algo que se possa dizer irrelevante. Exposição é também patrocínio, para este ou para o ano seguinte. Aumenta o poder de barganha na negociação, o interesse de torcedores mais distanciados, entre outras coisas. Mas para os "bagés" do Rio Grande do Sul, mídia, só a soco, como ontem.

E soco tem.

Mas para que não digam que não assumo meus erros, novamente reforço o mea culpa: disse que era para esperar o início da Segundona Gaúcha pra verem um campeonato "puxado" e aguerrido de verdade. Não precisou esperar. O aperitivo foi dado pelo Bagé, num amistoso, e parece que o paladar nacional aprova.

Adendo: Por isso, talvez por ter me criando vendo estes jogos, me causa estranheza a generalização do termo "futebol brasileiro"...cabe outro tópico, bem longo, ou vários sobre o tema. Claro que não precisa acabar em pancadaria, mas a presença do jogo ríspido (não necessariamente violento) é uma das idiossincrasias daqui do fim do fundo da América do Sul (como diria Vitor Ramil), mas é uma particularidade evidente, que a generalização ofusca e torna desconhecida.

Foto: Jornal Minuano (Bagé-RS)
O leitor Maxi envia um link para um excelente artigo do professor Ronaldo Helal denominado "Jogo Bonito: el fútbol brasileño en la prensa argentina" , que é o resultado parcial de uma pesquisa que o professor fez para sua tese de pós-doutorado, na Universidade de Buenos Aires. Helal é brasileiro, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e ocupou-se em estudar a relação futebolística entre Brasil e Argentina e a rivalidade, nos meios de comunicação.

O estudo (para o pós-doutorado) foi batizado de "Fútbol, Medios de Comunicación y Nación: las narrativas sobre la selección brasileña de fútbol en la prensa argentina".

Um interessantíssimo assunto, muito bem trabalhado neste artigo do Prof. Ronaldo Helal.
É neste artigo que surge a frase de outro professor, argentino, que resume a rivalidade entre Brasil e Argentina, que já foi publicada em alguns veículos brasileiros: "o Brasil ama odiar a Argentina e a Argentina odeia amar o Brasil".

No artigo, Helal sustenta que na ótica Argentina da rivalidade, há muita ironia, mas nunca deixam demonstrar admiração pelo futebol brasileiro, coisa que é mais incomum pelo lado brasileiro, segundo observa o professor.

Como residiu em Buenos Aires, Helal relata fatos pitorescos, que não são conhecidos aqui no Brasil. Fala que é muito mais comum ver camisas da seleção brasileira por lá, do que por aqui, e até as famosas sandálias (aqui no RS, chamamos de "chinelo de dedo") "Havainas" com a bandeira do Brasil são usadas por lá.

A abordagem da pesquisa utiliza bastante as manchetes e textos do Diário Olé (o estudo é sobre a imprensa argentina e seleção brasileira), então há muitos trechos em que o tradicional deboche do Olé é citado, mas a relação é ambígua, entre o amor e o ódio, admiração e provocação em relação ao futebol brasileiro.

O estudo também adentra no terreno da identidade nacional, relativa também ao futebol, e tenta decifrar as origens da imagem do chamado "futebol arte" brasileiro e do "fútbol criollo" argentino.

Estes estudos de forma mais aprofundada e séria, se não são raros na literatura futebolísticas, também não são corriqueiros, de forma que sempre é com grande interesse que vejo estas informações, relatos e considerações.

Vale a leitura, em espanhol, e recomendo fortemente o link:
http://www.efdeportes.com/efd88/jogo.htm

Gracias, Maxi, pela indicação.

Foto: capa do Diário Olé, após a eliminação brasileira na Copa de 2006.
O Inter debutou ontem na Libertadores 2007 com derrota frente ao Nacional do Uruguai.
A derrota em Montevidéu não seria preocupante por si só, porque sempre é um jogo difícil, independente da fase que viva o futebol uruguaio.
Mas o maior problema, e preocupação que deve ter o torcedor colorado, foi a forma com que ela ocorreu.
Até os 20 minutos da segunda etapa, o Inter tinha o placar favorável e um jogador a mais. Não soube aproveitar e talvez tenha desconcentrado realmente. Em poucos minutos o time uruguaio chegava aos 2 x 1.

A entrada de Fernandão, precipitada já que ele está ainda em período de recuperação, e a saída de Alex, foram emblemáticas.

Se Alex não fazia uma exuberante partida, segurava a bola da intermediária ofensiva até o ataque, e por ali, ainda que não houvessem chances mais efetivas, também passava a manutenção da posse de bola e da vitória.

Algumas falhas individuais, como no primeiro gol uruguaio e falhas coletivas, acabaram num 3 x 1, de certa forma muito elástico para o pouco que produziu o Nacional. Mas se alguém pudesse dizer que a vitória do Nacional não foi justa, a derrota do Inter foi.

Do limão à limonada, tem muitos colorados achando que foi bom perder agora, até porque o time não está no 100%, e comparam o 3 x 1 de ontem, com a perda do Gauchão do ano passado, derrota que alavancou uma forte reação no grupo colorado.

Foto: Terra Esportes

Libertadores 2007

Grande noite para o futebol brasileiro na Libertadores.

No Paraguai, o Grêmio em jogo típico de Libertadores, venceu ao Cerro Porteño por 1 x 0, gol de Lucas.
Na Venezuela, o debut do Paraná não poderia ser melhor: 4 x 2, sobre o Maracaibo.


Sobre o jogo do tricolor gaúcho, algumas considerações ( o do Paraná eu não assisti).
O Grêmio mostra que vem forte para 2007, também no jogo coletivo, mas impossível não destacar Lucas (não só pelo gol) e a participação decisiva de Saja, que tem mostrado muita segurança, além de pegar um pênalti hoje.
Na parte extra-campo voaram cadeiras entre ambas torcidas, e viu-se que chove garrafas no Paraguai. Por sorte, a maioria de plástico.
O único fator negativo foi a lesão de Tuta (em dividida com o zagueiro Rodrigo, ex-Grêmio), mas não sei qual a gravidade.

Ontem assisti Emelec x Vélez, jogo em que o Vélez fez o gol dele no primeiro tempo, e no segundo administrou, com a partida caindo um pouco de ritmo, com exceção das chegadas fortes da zagueirada do Emelec. O Vélez se não é brilhante, mostra um grupo bem entrosado. O Emelec tem deficiência nas bolas aéreas na defesa.

Ainda ontem: Flamengo buscou o empate contra o Real Potosí, após estar perdendo por 2 x 0. Cenas estranhas para nós, jogadores "tomando" oxigênio na beira do campo. É a velha discussão da altitude. O Flamengo comunicou no seu site que não jogará mais em altitudes não recomendadas pela medicina esportiva. Não tenho opinião formada (ainda), visto que a única solução seria mandar os jogos dos times andinos em estádios mais "baixos", ou seja, fora de casa. Como sou terminantemente contra tirarem, quem por méritos está em qualquer competição, os jogos da casa do mandante por motivos que não sejam punitivos, ainda não opino. Mas que faz alguma diferença, faz. Ainda mais que o psicológico também deve agir entre os jogadores.

São Paulo: jogo morno contra o Audax Italiano (Chile), mas apesar de não mostrar o melhor futebol, um bom resultado, lembrando sempre que é Libertadores. O ruim é que pra fase "mata-mata" esta vitória não obtida pode fazer falta para trazer os jogos de volta para o Morumbi.

Que começo de competição! Com a cara da Libertadores estampada em cada partida. E ainda tem o Inter semana que vem contra os "mordidos" uruguaios do Nacional. Outra guerra para os gaúchos.
A Libertadores é pra mim a segunda melhor competição do futebol mundial, com todos os ingredientes atrativos. Só perde para a Série B do Gauchão, que começa em março. Vocês não perdem por esperar o que lerão por aqui.
Acham a Libertadores "puxada"? Esperem a segundona gaúcha começar...

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foto 1: Terra Eportes
foto 2: Site Futebol total

História do Futebol - Huracán

O Huracan (neste caso sem acento mesmo) foi uma equipe amadora que marcou época em Bagé, RS.

Sua fundação ocorreu em 1955, e apesar de não saber ao certo, é muito possível que o nome seja devido ao homônimo argentino, Huracán, que havia sido fundado em 1909. Nesta época, em tempos que não havia TV, os times argentinos e uruguaios eram bem populares na fronteira, se comparados aos dias de hoje.

Pois o Huracan bageense tinha orgulho de ser precursor em Bagé (no futebol amador) no uso de abrigos esportivos: usavam uma combinação nada discreta de amarelo e vermelho. Também participavam de outras modalidades esportivas, chegando a enviar dois ciclistas para competir internacionalmente em Melo, cidade uruguaia.


Tinha uma fervorosa torcida, e segundo o relato do Jornal Minuano, não muito comportada, que recebeu o apelido de "cachorrada". Como também possuía um departamento de futebol de salão, num dos jogos em que disputava, a "cachorrada" e o Huracan participaram de uma pancadaria generalizada na Praça de Desportos (praça central de Bagé), inclusive indo o caso parar na Justiça Comum.

Infelizmente o Huracan encerrou suas atividades, mas seu nome ficou marcado na história do esporte bageense.

Como tive acesso a este pequeno relato do Huracan ontem, fui pesquisar mais sobre o clube na internet.

Acabei achando uma curiosidade, que acaba por fechar o elo entre Huracan e o Huracán:


O Huracán argentino tem até hoje como símbolo, um balão (ao lado).


O motivo é porque em 1909 o engenheiro elétrico argentino Jorge Newbery, trouxe da França um balão denominado "Huracán", e no mesmo ano viajou neste balão por 514 quilômetros, anotando novo recorde sul-americano. O balão partiu do bairro de Belgrano (Buenos Aires), atravessou o Rio da Prata e o Uruguay, vindo a pousar em solo brasileiro. A cidade onde terminou a viagem? Bagé, como explica o próprio site do clube:
"A medidos de 1909 el ingeniero electricista Jorge Newbery pilotea por primera el globo aerostatico “Huracán” traído desde Francia, pero su mayor travesía la realiza ese mismo año, cuando en diciembre sale piloteando el globo Huracán, desde el barrio de Belgrano hasta ciudad brasileña de Bagé. Dicho hecho inspiró el distintivo del club".

Não sei se os fundadores do Huracan bageense sabiam desta história, e nem se os do Huracán argentino sabem ou soberam do homônimo gaúcho (creio que nenhum dos dois lados sabia disso), mas o balonista argentino acabou traçando esta curiosa ligação entre os clubes.

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Fonte sobre o Huracan brasileiro: Jornal Minuano (Bagé-RS)
Fontes sobre o Huracán: Site Oficial do Huracán e Site B. Aires Antiguo
Foto: Arquivo Jornal Minuano (Bagé-RS)

Libertadores 2007

Após um pequeno recesso do computador (e não meu), retornamos ao Puro Futebol.
Esperamos voltar às postagens diárias (ou quase).
E já com a Libertadores definida, em termos de participantes.








Grupos definidos:

Grupo 1: El Nacional, América, Libertad e Banfield
Grupo 2: Audax Italiano, São Paulo,Alianza Lima e Necaxa
Grupo 3: Cúcuta,Tolima,Cerro Porteño e Grêmio
Grupo 4: Emelec, Vélez Sarsfield,Nacional e Internacional
Grupo 5: Real Potosí,Flamengo,Unión Maracaibo e Paraná
Grupo 6: Caracas, LDU,Colo Colo e River Plate
Grupo 7: Bolívar,Boca Juniors,Cienciano e Toluca
Grupo 8: Defensor,Gimnasia,Deportivo Pasto e Santos

Primeira rodada (para os que estréiam até o dia 21/2)

13/2 - 20h - Defensor x Gimnasia (em Montevidéu)
13/2 - 20h15 - Cúcuta x Tolima (em Cúcuta)
14/2 - 0h30 - Emelec x Vélez Sarsfield (em Quito)

14/2 - 19h30 - Bolívar x Boca Juniors (em La Paz)
14/2 - 21h45 - Real Potosí x Flamengo (em Potosí)

14/2 - 21h45 - Audax Italiano x São Paulo (em Santiago)
15/2 -21h30 - Unión Maracaibo x Paraná (em Maracaibo)
15/2 - 22h45 - Cerro Porteño x Grêmio (em Assunção)
20/2 - 20h15 - El Nacional x América (em Quito)
20/2 -22h30 - Libertad x Banfield (em Assunção)
21/2 - 21h45 - Nacional x Internacional (em Montevidéu)

Então hoje à noite, já termos o início da Copa Libertadores da América (da chamada "2ª fase"). Entre os dois jogos de hoje, assistirei Defensor e Gimnasia, depois comento por aqui.


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Como fiquei estes dias sem postar, lembro que o Clausura argentino já começou. Após o começo de ano mais favorável ao River Plate, que venceu o Torneio de Verão de La Plata e mais a "revanche" contra o Boca Juniors (nos pênaltis), River, Boca, Estudiantes e San Lorenzo estreiaram com vitória. A dupla de Avallaneda obteve apenas um empate (Racing).
E já que falamos de Campeonato Argentino, para não perder o costume, com a voltas dos jogos, voltam os barras.
A barra do Quilmes, que enfrentaria o Estudiantes hoje, para exigir ingressos e dinheiro (segundo o Diário Olé), pichou a frente da sede do clube e realizou mais algumas depredações. O presidente do Quilmes declarou:
"Isto demonstra o quão enfermos estamos os argentinos neste tipo de coisas. Picharam paredes para pedir coisas que poderiam pedir pessoalmente e não assim, tão anônima e covardemente".

O Estudiantes venceu a partida por 2 a 0.

No domingo, antes do jogo entre River Plate e Lanús, uma briga interna entre Los Borrachos del Tablón, resultou em pancadaria e até tiros. Um dos participantes acabou ferido na perna. O motivo é a disputa pela liderança da barra, entre dois líderes e além disso, uma questão sobre divisão de dinheiro, que não teria se repartido conforme o combinado. Os enfrentamentos internos estariam ocorrendo já há alguns meses. Na realidade, o direito de admissão[¹], acabou afastando de dentro do estádio um dos líderes, que assim perde terreno, e na partida de domingo, voltava para seu "posto" e lá já havia o líder do outro grupo. O clube até agora preferiu não se pronunciar de maneira mais efetiva, até que "apurem-se os fatos".


[1] medida utilizada na Argentina que dá ao clube mandante o direito de não permitir a entrada nas partidas de torcedores com passagens policiais por atos de violência nos estádios.

A matéria completa (em espanhol), aqui .


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Fotos: Diário Olé e Site Oficial do Defensor (Uruguay)

Ba-Gua novamente

A Zero Hora (jornal aqui do Rio Grande do Sul) tem sido generosa nestes dias com o puro futebol dos pampas (leia-se, interior gaúcho). Antes que me acusem de acompanhar "la buena onda", recordo aos leitores que este tema sempre foi recorrente aqui, desde o ano passado e em minha cabeça, desde a infância.

O legendário colunista Paulo Sant'ana esta semana, escreveu na sexta e no sábado sobre o Ba-Gua (clássico futebolero da cidade de Bagé, em que se enfrentam Bagé e Guarany).


A coluna da sexta-feira, tratava sobre cartazes sem muito sentido que Pablo lembrava, ou ainda que tivessem sentidos, sem perder o absurdo.


Claro que há um folclore em torno disso tudo (clássicos em Bagé), mas a mística se firmou em virtude dos confrontos.

Sant'ana conta pra vocês, muito melhor que eu:


"Voltando aos cartazes, o mais espetacular que esta coluna já catalogou em seus 35 anos de existência foi aquele achado nos bailes do interior de Bagé, onde mais tiroteiam do que dançam. Ao lado dos coretos dos músicos, há sempre um cartaz: "Favor não atirar nos músicos".


Diz-me também o Camelinho, um dos mais bem-humorados bageenses que vivem na Capital, que no Estrela Dalva, estádio do Guarany de Bagé, a polícia colocava o seguinte cartaz na entrada, em dia de clássico Ba-Gua: "As armas de fogo devem ser deixadas na entrada. As facas, facões e punhais podem ser portados dentro do estádio, desde que com discrição". Com essa medida, as mortes em estádios de futebol em Bagé se tornaram discretas ".


E Pablo relembrou de Bagé no dia seguinte, sábado, na Zero Hora:


"A gente brinca que Bagé foi uma cidade muito violenta, mas essa característica pertenceu a muitas cidades gaúchas no século passado. É verdade que, no futebol, nunca aconteceu o que houve na Pedra Moura, em outro clássico Ba-Gua: um goleiro do Bagé, depois de escaramuças sérias dentro da área, ficou estendido no chão com a bola agarrada junto do seu queixo. Diz ainda o Camelinho que o goleiro nunca mais se levantou da área pequena: jazeu ali com um tiro de revólver na nuca, arma disparada das arquibancadas.


Essa fama de violento do gaúcho vem desde as revoluções de 1893 e 1923, desde os lendários degoladores. E os bailes eram cenários de brigas e assassinatos, o que ainda acontece hoje, mesmo com menor freqüência. Outro evento que sempre acarretava mortes e feridos eram - e ainda o são por vezes - as corridas de cavalos em cancha reta".


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Publicado no Jornal Zero Hora em 02 e 03 de fevereiro de 2007.

Autor: Paulo Sant'ana.


A foto: ninguém deve ter entendido muito, mas esta é uma das fotos que abre na primeira página do Google Imagens, desde 1999, quando digito à procura de imagens do Clássico Ba-Gua.

É o "ba-gua", do tal Feng Shui, mas como está em amarelo e preto, cores do jalde-negro bageense, resolvi publicar aqui e talvez me livrar deste "karma" dos sites de busca.

Policial italiano morre em confronto com ultras

O jogo era o clássico siciliano entre Catania e Palermo. Segundo o jornal Gazzetta dello Sport, os 490 torcedores do Palermo viajaram escoltados, mas logo na entrada houve enfrentamentos entre as torcidas, com a polícia tendo que intervir. E no início da segunda etapa, com o Palermo em vantagem, a torcida local do Catania passou a aremessar foguetes dentro do campo. Entre eles, bombas, e uma atingiu um policial de 38 anos, que acabou falecendo. Outro policial ficou gravemente ferido, mas já se encontra fora de risco.

No confronto a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo, que acabou também atingindo os jogadores dentro de campo, que cobriam o rosto para protegerem-se da fumaça e abandonaram o gramado. O jogo ficou paralisado por mais de 30 minutos.

O resultado da partida foi Catania 1 x 2 Palermo, sendo que segundo o site Terra, o gol da vitória teria sido marcado com a mão (ainda não assisti aos gols).
A federação italiana já suspendeu a rodada deste final de semana e estuda medidas drásticas nos próximos dias.

Na rua, mais confrontos pós-clássico entre ultras e policiais. Cerca de 100 pessoas ficaram feridas.

No site do Catania não se fala sobre futebol hoje




Fotos
: Reuter e Gazzetta dello Sport
Fontes: Diário Olé, Terra Esportes e Gazzetta dello Sport.

Vários

Passes curtos:

- Libertadores: Vélez encaminhou sua classificação na terça, 3 x 0. Esperava mais do Danúbio, vamos ver do lado de cá do Prata se resta algum cartucho.

- Libertadores 2: Táchira e Tolima, mesmo com todo o gosto que eu tenho por Libertadores, foi um jogo bem ruim. Além da parte técnica, parecia que nenhuma equipe queria vencer.

- Libertadores 3: Assisti a boa parte do jogo do Santos hoje, na Bolívia. Jogo bastante disputado, bem mais parecido com o que vemos normalmente na Libertadores do que o Táchira e Tolima, por exemplo e ainda bem. O Santos foi bem, fez o que precisava ser feito e acabou vencendo por 1 x 0. Algumas jogadas mais ríspidas, e a vantagem é amplamente santista.

- Gauchão: o Grêmio venceu mais uma (vi alguns trechos do jogo, pois era simultâneo ao da Libertadores). 100% em 4 jogos. A surpresa do jogo para mim (por mal informado) foi ver Caio (jogador veterano, ex-Grêmio e Portuguesa) em campo, pelo Esportivo.

- Torneio de Verão: rápida "zapeada" no intervalo do jogo da Libertadores, encontro Racing e San Lorenzo nos 37 do primeiro. 2 x 0 pro Racing, e quando começo a assistir dou a sorte de pegar um golaço do Racing, 3 x 0, entrada diagonal do atacante, chute por cobertura mas com força, bola indo morrer na parte lateral da rede. Ainda antes de finalizar o primeiro tempo, o San Lorenzo diminui de pênalti. Fui verificar no Diário Olé pra ver como terminou a "goleada" do Racing: 3 x 3. Pelas palavras finais do Olé, meio que me arrependi de ter ficado no jogo do Santos, apesar do Torneio de Verão não valer quase nada:
"Un 3-3 emocionante, que festejaron los amantes del fútbol, que pudieron ver goles en este verano. "

- Semana cheia no futebol, fora a Europa, que nem comento muito por aqui, com as Copas e campeonatos acontecendo e Ronaldo indo pro Milan. Estou curioso.

- Blog: aos visitantes peço um pouco de paciência por estes dias. O Blogger obrigou os usuários a trocar o sistema antigo pela nova versão. Por isto esta barra aí em cima do Blog, que antes não aparecia, além de outras alterações. Estou tentando deixar o mais "limpo" possível. Vi que tem um contador de visitas que está abrindo um "pop up" por aqui. Cartão vermelho... vai pro chuveiro. Se conseguir me adaptar (aprender), a única novidade benéfica será a colocação de marcadores em cada postagem, que resultará em divisão de postagens por assunto, quando forem buscar nos arquivos.



E amanhã tem mais futebol...beleza.


Foto: lavinotinto.com (jogador do Táchira, lembrando a camisa jalde-negra do Bagé)

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