Das frases que marcam

Esta postagem é via "Frases Futboleras".
Mas a frase foi quase uma história, ou uma história, realmente. Reproduzo a frase aqui, em espanhol, pois postar ela traduzida seria um crime. Lendo vocês irão entender.

Então, que fale José Luis Calderón*:

"Hace unos años fui con mi pibe a una compra venta de un amigo de la infancia, de la villa. Bueno, llegué, un lío bárbaro, nos fuimos a tomar unos mates. Y ahí, entonces, el tipo me dijo que no tenía sillas.

"Y pasame un cajón, boludo", le tiré.

Al rato mi pibe pidió una gaseosa y mi amigo me dijo que no tenía vaso de vidrio.

"Y que tome del pico", le contesté.

Y así... Cuando nos fuimos mi pibe me dijo: "Papá, son muy pobres".

Paré el auto en seco. Lo miré.

"Escuchame una cosa, pendejo de mierda y la concha de tu madre, qué te pensás que sos, ¿millonario? ¿Sabés dónde vivía yo, pelotudo?", le dije.

Y lo llevé a la villa. Y le mostré mi casa, con el baño [banheiro] a 30 metros. Ahora se adapta a todo".


E o que tem isto com futebol? Tudo.

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* O autor da frase é José Luis Calderón, jogador argentino, e podem saber mais dele na Wikipédia, em:
http://es.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Luis_Calder%C3%B3n

Prêmio Blog Solidário


O Puro Futebol recebeu uma indicação ao Prêmio Blog Solidário. A indicação é feita por outros blogs de futebol, que contribuam com a internet futebolera (sem incentivos financeiros), e no nosso caso, quem nos indicou foi o blog Futebesteirol. Agradecemos sinceramente a indicação e abaixo vai a lista das indicações do Blog.

Ao fazer esta lista notei duas coisas: que a maioria dos blogs que lembrei são argentinos, mas resolvi deixar assim mesmo porque na verdade sou relativamente um novato na blogsfera, e talvez por isto a minha lista de leitura não seja extensa. E a segunda coisa é que de blogs brasileiros, pouco leio além dos blogs relacionados na lista de links ao lado.
Tenho que ler mais os blogs futeboleiros nacionais, tem muita coisa boa pra ser lida, certamente.

Novamente, muito obrigado ao Futebesteirol.


Dêem uma passada pelos blogs (mesmo os em língua espanhola), são bem interessantes.

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* Condiciones y bases de participación:
1.- Escribir un post mostrando el PREMIO y citar el nombre del blog que te lo regala y enlazarlo al post que te nombra. (De esta manera se podrá seguir la cadena).
2.- Elegir un mínimo de 7 blogs que creas que se han destacado alguna vez por ayudar, apoyar y compartir. Poner sus nombres y los enlaces a ellos. (Avisarles).
3.- Opcional. Exhibir el PREMIO con orgullo en tu blog haciendo enlace al post que escribes sobre él y lo otorgas a otros.

Mudanças no visual do Puro Futebol

Pessoal, tive que alterar o "template" do Puro Futebol para estes que vocês estão vendo agora. Uma pena, porque gostava bastante daquele anterior, que era "limpo" e com detalhes que também gostava.
Não mudei por vontade própria, é que na última semana as postagens apareciam "desformatadas", os links foram para o final da página e ficou muito desorganizado, apesar de eu não ter alterado nada (acho que o blogger danificou o modelo anterior).
De qualquer maneira, salvei o "código" do visual anterior e se os problemas acabarem, retornarei com ele.
Por enquanto fica este, que não gosto, mas admito ser bem mais fácil manipular.
E na verdade o principal é o texto (rogo!), mas um "layout" que não me agrada tanto é irritante.
É mais do mesmo com as cores diferentes, peço a compreensão de todos.
Mas saliento: foi uma mudança compulsória.

Sem luz no fim do túnel

A notícia do leilão do estádio do Gaúcho de Passo Fundo foi veiculada em vários sites e vocês podem ter um resumo da história no blog Futebesteirol.
No caso específico do Gaúcho há ainda uma tragédia acontecida nas piscinas do clube, indenizações não cumpridas, etc., mas o clube se junta ao melancólico cenário que vive o futebol do interior do Rio Grande do Sul, de maneira geral.
A penúria se traduz nas finanças mas também, e talvez principalmente, resulta da “globalização” das torcidas do interior. O mal só não é maior, porque diferentemente de outros Estados, o torcedor do interior gaúcho quando torce por outro “grande” que não seja de sua cidade, opta por Inter ou Grêmio, diferentemente do acontece em vários outros Estados, com torcedores apoiando times do Rio de Janeiro e São Paulo (como acontece na maioria dos Estados nordestinos, por exemplo).
Mesmo assim, os efeitos já são visíveis deste abandono por parte dos torcedores dos times do interior gaúcho. A sedução de torcedores do interior é fácil de entender: de um lado a fartura de títulos e mesmo na ausência destes, a televisão consolidou as marcas da dupla Gre-Nal, e o que ocorre no interior (na melhor das hipóteses) é que o torcedor tem sempre o clube da cidade como preferido e junto a este faz a opção por um time da capital. Há casos de torcedores que se dedicam com a mesma paixão para seus dois clubes, mas infelizmente na maioria das vezes o clube do interior é relegado a um segundo plano. E ainda se não bastasse a influência da TV, a dupla Gre-Nal descobriu o caminho do marketing e através dele atrai associados do interior do Estado, venda de artigos dos clubes, etc.
E o futebol do interior também não se ajuda. Pouco ou nenhum marketing, administrações falhas e poucos abnegados tentando tocar o barco, cada vez com menos “tripulantes”. A exceção é o Juventude, que inicialmente cresceu com a parceria com a Parmalat e depois dela se sustenta com a participação no Brasileirão.
Uma pena este definhamento do futebol do interior, pois inclusive a partir dele a dupla Gre-Nal construiu seu estilo de jogo, o futebol gaúcho se tornou o que é a partir dos campos do interior.
As perspectivas são as piores. Todo início de Gauchão há a polêmica sobre o número de jogos ser excessivo para a dupla Gre-Nal, que usarão reservas na maioria das partidas, etc. Por outro lado, há o discurso que nenhum dos grandes quer perder o Gauchão e que é sempre bom ganhar do tradicional rival. O resultado na prática é que os clubes do interior que disputam a primeira divisão do Gauchão, tem futebol por apenas 3 meses (para os que passam da primeira fase), e depois um longo recesso que vai até setembro, onde disputam a Copa FGF (este ano denominada Copa Paulo Rogério Amoretty, em homenagem ao ex-presidente colorado), copa que é desvalorizada pelas próprias torcidas do interior, talvez porque a dupla Gre-Nal não participe com seus times principais. Para os que disputam a Segundona, aí o calendário é maior (março-setembro), mas o campeonato é deficitário ao extremo.
O problema é que os times do interior da 1ª divisão concordam com este calendário. O torcedor do interior fica com 3 meses de futebol, e depois assiste fartamente jogos da dupla Gre-Nal, em torneios muito mais importantes, em estádios melhores, em jogos mais decisivos e acompanha pelos jornais, rádios, internet, conversas de boteco tudo sobre a dupla Gre-Nal. O time dele, do interior, esquecido. Por 9 meses. Uma gestação. A gestação da paixão por outro clube que não o da sua cidade. Mas os clubes, por um motivo, inevitável ou não, aceitam o calendário proposto, ano após ano. E suas torcidas definhando, em número e em fanatismo.
O interior também comete o erro de não cultuar seus ídolos. Para ser ídolo, só se não for da cidade. Só se aparecer na TV e falarem na rádio da capital. Então lotam cinemas para assistir partidas da dupla, mas não colocam uma arquibancada cheia em jogos do time da cidade. A camisa do clube da cidade é “cara” (isso quando as direções disponibilizam nas lojas especializadas), mas não pensam duas vezes em pagar R$ 150, R$ 180, por camisas de “times grandes”, até europeus. E assim alimenta-se o círculo vicioso.
Não é nada bom o futuro de todos os times do interior do Rio Grande do Sul. Que esqueçam o Gauchão (que dá no máximo uma partida de casa cheia numa semi-final qualquer) e que lutem para disputar a Série C do Brasileiro para a partir daí, quem sabe um dia, chegar na Série B nacional, está sim, muito rentável para o clube (se tratando de um time interiorano).
Então o SC Gaúcho tem seu patrimônio perdido e fecha suas portas, mas está acompanhado de muitos outros que só não estão formalmente nesta situação, mas de fato, fecharam suas portas. Clubes tradicionais como Grêmio Santanense, Rio-Grandense (Rio Grande), Guarani de Cruz Alta estão fechados. Outros vão e voltam, de tempos em tempos e muitos estão se encaminhando para mais cedo ou mais tarde abandonarem os campeonatos oficiais, para depois nem torcedores ter.
Infelizmente não sei a solução ideal também, mas algumas atitudes já deveriam ter sido tomadas para a revitalização do futebol interiorano. Que seja rápido.


Que os torcedores da dupla Gre-Nal pelo interior sigam torcendo para a dupla, não há nenhuma crítica, mas que gastem também com seus times do interior...eles não pedem muito: uma camisa, um ingresso e talvez alguma mensalidade de 20 ou 30 reais, ou se não der, apenas um destes. A retribuição é sempre certa. Com futebol aos domingos, ao vivo, não enlatado, representando tua cidade de origem.

No título do tópico do Futebesteirol que trata do fechamento do Gaúcho, o autor (Maurício Brum) foi muito feliz: “A morte de um Gaúcho”. E com o clube, morre uma importante parcela do futebol gaúcho também.




















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1ª Foto: autor - Gatuzo (via Flickr.com)
2ª Foto: Ultras do Bréscia.

Carrinho na pedra e filosofia futebolístico-campesina*

Para além da Vacaria há uma certeza: quem é capaz de dar carrinho na pedra, é capaz de qualquer coisa.
E esta certeza vem coberta de razão.

- Olha lá, é o oitavo carrinho só no segundo tempo!
- Será que ele não percebeu que estamos jogando no paralelepípedo?
- Acho que ele não se machuca...
- A julgar pelas cicatrizes nas pernas, machuca...

Futebol-arte x Futebol-força
Drible x Marcação
Toque de bola x Chutão

Juramos a mesma bandeira, vivemos sob a mesma constituição.
Somos patrícios e jogamos, teoricamente, o mesmo jogo. Por que o futebol gaúcho é tão diferente do futebol no restante do Brasil?

Temos a vizinhança, que certamente ajuda. Quem já jogou uma pelada contra argentinos sabe que é matar ou morrer. (Já joguei e este texto não é psicografado).
Há a questão da temperatura – muito calor no verão, muito frio no inverno (mudanças assim gritantes obrigam os praticantes a valorizar a força e a condição física).
Há a cultura peleadora ocasionada – creio – pela variedade étnica no Rio Grande: a teimosia teutônica, a grosseria italiana, a força física africana, o sangre caliente espanhol e a raza rioplatense. Isso só pra citar os mais comuns.

Mas o principal, a meu ver, é que todo o gaúcho vê no futebol uma chance de representar o “continente”. O riograndense – cada um – sente-se o embaixador sulino quando fora do âmbito regional.
O brasileiro espera dele futebol-força e ele confirma as expectativas. Geralmente com certo exagero, é claro.

Esta necessidade de ser ultragrosso me fez lembrar de alguns dos antigos heróis do Rio Grande. Jogadores que levaram o pavilhão gaúcho para além-fronteiras. Atletas da mais alta estirpe, cujos grandiosos feitos nos deixam cheios de orgulho e admiração.

Recordo-me do grande Latorre, filho de pai uruguaio e mãe índia. Zagueiro central e cria de Santana do Livramento. Atuou por meia década num time local até ser descoberto por um olheiro – no tempo em que os clubes tinham olheiros – de tradicional time carioca.
Jogou lá por quase dois anos, contabilizando 3 pernas quebradas, 11 expulsões de campo, 1 agressão a gandula e 1 saída algemada do estádio
Acabou seus dias de jogador em famoso time bageense, intercalando expulsões por falta violenta, com expulsões por insulto à arbitragem.
Hoje atua como comentarista de futebol no bolicho do Guedes, em Livramento, mas no momento encontra-se suspenso pois ainda não pagou os 12 martelinhos que deve.

Tem também o inesquecível Rodrigues Ramos, que jogava ali pelo meio, na contenção (de corpos) e na distribuição (de faltas).
Verdadeiro herói em sua cidade natal – Dom Pedrito – este atleta teve destaque em tradicionais equipes riograndeses.
Em 1971, na véspera da final do certame gaúcho (a data é mera alegoria, posto que Rodrigues Ramos jamais disputou uma final de campeonato), este grandioso expoente do futebol-força teve sua carreira interrompida para sempre: teve as duas pernas quebradas por capangas logo após tentar uma abordagem mais incisiva em uma festa de debutantes.
A moçoila era a filha do Delegado da cidade e estava entre as convidadas. Sua festa de 15 anos ainda demoraria mais alguns anos...

E, por fim, não posso deixar de citar o lendário Schneider González.
Centroavante de origem teuto-rioplatense, medindo 1,97 e pesando 110 quilos, logo se destacou em laureada facção esportiva da Fronteira Oeste, na sua cidade natal e de onde jamais saiu.
Agregou durante os mais de 25 anos de carreira as funções de Delegado de Polícia e camisa nove. Durante 25 anos seu time foi campeão municipal. Durante 25 anos nenhum bandeirinha viu impedimento seu.
No último jogo da carreira – contrariado, mas acatando desesperado pedido da família para que parasse – lá pela casa dos 45 anos de idade, desabafou ao repórter que o entrevistara, após marcar o gol do vigésimo quinto título consecutivo, em impedimento:

- Solamente veinte y cinco años... muy lindo el Reich, pero que muy breve...

Este é o futebol gaúcho: sempre unindo todos os povos e destacando o que eles têm de melhor!

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* Por Maurício Kehrwald

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