Libertadores 2007 - Rodada Dupla

Amanhã pelo Sportv, se não tem net busca a um bar, enfrentam-se pela fase pré-Libertadores argentinos contra uruguaios e venezuelanos contra colombianos. Têm várias pessoas que não gostam de jogos "menores", mas em se tratando de Libertadores, não perco nenhum jogo.
A não ser os que não são transmitidos, como parece que, infelizmente, será o caso de Cobreloa x Paraná Clube. Não sei se a informação procede, mas li reclamações da torcida do Paraná em alguns sites, e no site do Sportv realmente não aparece a partida entre as que serão transmitidas. Não entendo o motivo, até porque além da torcida do Paraná, a torcida do Flamengo também é interessada no jogo, já que o vencedor deste confronto entrará no grupo do Flamengo. Assim como o vencedor de Vélez x Danúbio e Deportivo Táchira x Tolima, entrarão nos grupos de Inter e Grêmio, respectivamente. E como outra curiosidade, no time do Danúbio há a presença de 3 gaúchos, e poderemos ver como estão jogando por lá.

Então, para amanhã a noite, teremos:

20h15 min - Vélez Sarsfield (ARG) x Danúbio (URU)
22h30 min - Deportivo Táchira (VEN) x Tolima (COL)

Na quarta:
21h40min - Blooming (BOL) x Santos (BRA)

Quinta-feira:
21h45min - Tacuary (PAR) x LDU (EQU)

Semana cheia.

Algumas pequenas mudanças ocorreram no regulamento da Libertadores este ano. Uma das mais significativas é a que a partir de agora o clube local é obrigado a liberar o gramado para reconhecimento pelo adversário, um dia antes da partida.

Outro detalhe, é que a final tem que ser obrigatoriamente disputada em território sul-americano. Portanto se houver dois mexicanos nas semifinais, terão que necessariamente enfrentar-se, independente do que indique a tabela por pontuação.

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Falando em futebol sul-americano, temos aí ao lado camisetas "alternativas" de Boca Juniors e River Plate. No debate em que retirei estas fotos, a pergunta era "qual é menos feia?". Para mim, a melhor resposta à esta pergunta foi a que disse que a do Boca parecia de um funcionário do Big Burguer e a do River de um mecânico de Fórmula-1. No Brasil teve uma época que estava em moda alterações no uniforme, ainda que em camisetas comemorativas. Algumas coisas bem estranhas apareceram. Mas, gosto é gosto. Eu fico com as tradicionais.

El Hincha de Galeano

Não compartilho exatamente da mesma visão que o escritor e jornalista Eduardo Galeano no que diz respeio ao futebol "moderno". O leitor Froner indica na caixa de recados um link, em que há uma amostra de "El fútbol a sol y sombra y otros escritos", livro de Galeano. Entratanto, quando deixada a política(e isso reflete em algumas análises futebolísticas, confiram no link) de lado, e sobra apenas o puro futebol, a poesia é excepcional. Verdadeiras obras de arte, entre os textos.
Vai um trecho aí abaixo. Quem já ficou no estádio um pouco mais de tempo após o final de uma partida, certamente irá reviver a cena. Não traduzo por óbvios motivos.
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"El hincha

Una vez por semana, el hincha huye de su casa y asiste al estadio.Flamean las banderas, suenan las matracas, los cohetes, los tambores, llueven las serpientes y el papel picado; la ciudad desaparece, la rutina se olvida, sólo existe el templo. En este espacio sagrado, la única religión que no tiene ateos exibe a sus divinidades. Aunque el hincha puede contemplar el milagro, más cómodamente, en la pantalla de la tele, prefiere emprender la peregrinaci ón hacia este lugar donde puede ver en carne y hueso a sus ángeles, batiéndose a duelo contra los demonios de turno.Aquí, el hincha agita el pañuelo, traga saliva, glup, traga veneno, se come la gorra, susurra plegarias y maldiciones y de pronto se rompe la garganta en una ovaci ón y salta como pulga abrazando al desconocido que grita el gol a su lado. Mientras dura la misa pagana, el hincha es muchos. Con miles de devotos comparte la certeza de que somos los mejores, todos los árbitros est án vendidos, todos los rivales son tramposos.Rara vez el hincha dice: «hoy juega mi club». Más bien dice: «Hoy jugamos nosotros». Bien sabe este jugador número doce que es él quien sopla los vientos de fervor que empujan la pelota cuando ella se duerme, como bien saben los otros once jugadores que jugar sin hinchada es como bailar sin música.Cuando el partido concluye, el hincha, que no se ha movido de la tribuna, celebra su victoria; qué goleada les hicimos, qué paliza les dimos, o llora su derrota; otra vez nos estafaron, juez ladrón. Y entonces el sol se va y el hincha se va.

Caen las sombras sobre el estadio que se vacía. En las gradas de cemento arden, aquí y allá, algunas hogueras de fuego fugaz, mientras se van apagando las luces y las voces. El estadio se queda solo y también el hincha regresa a su soledad, yo que ha sido nosotros: el hincha se aleja, se dispersa, se pierde, y el domingo es melancólico como un miércoles de cenizas después de la muerte del carnaval."

Eduardo Galeano
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Puríssimo, não?


Foto: Ibarrak, via Flickr

Puro Futebol das antigas - Gauchão dos '70 (Ba-Gua)

Continuando a excelente série sobre o futebol do interior e seus clássicos, nesta terça-feira o jornal Zero Hora publica um apanhado da história do clássico bageense, o Ba-Gua, disputado entre Bagé e Guarany, desde 1921. Mais uma vez o aviso de que a matéria é relativamente longa (se comparada a uma postagem corriqueira de blog), mas indico e insisto na leitura completa da matéria. E novamente, os parabéns ao jornal Zero Hora pela bela e importante iniciativa.

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O bochicho da rivalidade Ba-Gua pega fogo
As histórias do clássico Ba-Gua encerram a série de reportagens do Gauchão de antigamente
JONES LOPES DA SILVA (Jornal Zero Hora)


Na praça central de Bagé, zona de antigos entreveros entre maragatos e chimangos, federalistas e republicanos, e que hoje vive sob a vigilância da estátua do senador Gaspar Silveira Martins, o Sansão do Império, ali o torcedor do Guarany escarnece à vontade: - Vamos montar um time B para botar contra o Bagé na Segundona. Orgulho ferido, o gaudério do Bagé não aceita o desaforo: - Guarany é ioiô, hoje está por cima, amanhã apeia e fica por baixo.

O bochicho da rivalidade Ba-Gua pega fogo. Os qüeras do Guarany abrem o sorriso porque o time campeão da Série B do ano passado hoje é um dos caçulas do Gauchão que se iniciou sábado. Nem por isso os guapos do Bagé se dão por vencidos, apesar de penarem na Segundona desde 1986 [nota do blog: na verdade a última vez que o Bagé esteve na Série A do Gauchão foi em 1994], e da falta de grupo de jogadores e de um presidente eleito.

Tem hora marcada o bate-boca nos botecos do calçadão e da Praça da Bandeira. Por volta das 10h, antigos craques como Bataclã, Sérgio Cabral, Badico, Osvaldo e ex-dirigentes como Luis Carlos Deibler, do Guarany, circulam pelo centro. Somam-se a eles Ênio Chaves, Max Ravasa e Saulzinho, os que jogaram nos dois lados da história. São paparicados por torcedores que lustram os bancos dos quiosques e tomam posições à porta da barbearia e dos bolichos.

- Interditaram o campo do Bagé para reforma agrária - debocham os índios do Guarany.

Do outro lado da Avenida Sete de Setembro costuma passar Carlinhos Catador, 40 anos. Paramentado de amarelo e preto, ele empurra o carrinho recolhendo papelão para manter 20 crianças do bairro Santa Cecília no bloco burlesco Aqui e Agora e na torcida do Bagé. É o símbolo do clube.


- La pucha! Bageense é quem nasce na cidade - avisa. - Eu sou jalde-negro!

Ao meio-dia, o comércio fecha, a cidade se encoruja e a flauta entra em recesso. Mas, às 14h, após a sesta, as lojas reabrem, e os fanáticos voltam aos seus postos sob sol inclemente. Peões e pecuaristas de bota, bombacha e chapéu de barbicacho ignoram os 34ºC com sensação de 40ºC e parecem os únicos seres do município de 120 mil habitantes na Fronteira Oeste sem opinião sobre o Ba-Gua.

Não é o caso de Gladir Guterres, de 76 anos. De gravata e boné, ele se destriba bom humor trabalhando na portaria de um hotel. Seus comentários consistem em informar sobre o tempo, os segredos da cidade e o seu Grêmio Bagé:

- É o time do povão, sim.

Essa polêmica corre nas coxilhas da Campanha. Depois da escassez da água, que só pinga após as 14h, por falta de solução à carência de chuva, a altercação entre "alvirrubros" e "jalde-negros" é saber qual é a maior torcida. O Grêmio Esportivo Bagé nasceu em 1920 da fusão do 14 de Julho e do Rio Branco, de bairros populares. Já o Guarany é fruto da boêmia que rolava na Praça da Matriz. Entre uma serenata e outra, Carlos Garrastazu, recém-chegado de Montevidéu, fundou o clube, mais tarde associado aos militares.

Quem conta é o jornalista e historiador de 84 anos Mário Nogueira Lopes (foto ao lado), nome das cabines de imprensa do Estádio Antônio Magalhães Rossel, o Estrela D'Alva, que o Guarany vai inaugurar no centenário, no próximo 19 de abril. De tanto rebuliço nos clássicos desde os anos 40, Lopes se convenceu de um causo certo:

- Nunca vi Ba-Gua decidido só dentro de campo!

A história do goleiro argentino Héctor Lugano é a mais corrente. Era ele a fortaleza do Guarany num clássico de 1953, até o zagueiro bageense João Nascimento cobrar uma falta do seu campo de defesa. Ou seja, antes do meio do campo. A bola voou por todo o gramado do Pedra Moura. E entrou. Uma parte do estádio riu, a outra, praguejou, e o Bagé venceu por 1 a 0. O lance mereceu a gaiata denominação de "Gol dos 70 metros".

Sem mencionar nomes e datas, Lopes discorre sobre um Ba-Gua dos anos 60. Um conhecido árbitro da cidade tinha a missão de favorecer um lado, mas se viu obrigado a assinalar pênalti contra seus próprios interesses. O goleiro não defendeu a cobrança, e o árbitro mandou bater de novo. Outra vez saiu o gol e o juiz exigiu uma terceira batida, porque, afinal, o goleiro tinha que defender uma para garantir o dinheiro. Mas o frangueiro tomou outro. Indignado, o árbitro chamou o goleiro a um canto e o inquiriu:

- Quem é o vendido aqui, sou eu ou és tu?


A incrível história do ba-gua dos cem tiros

Corria o Ba-Gua de 1964 e a torcida do Guarani estava impaciente com o árbitro Mário Severo. Quando ele expulsou o craque alvirrubro Storniollo, a irritação cresceu e os xingamentos já não foram suficientes. Mal acabou o clássico em 1 a 1 no Estádio Estrela D'Alva, do Guarany, um gaiato invadiu o gramado e agrediu o árbitro. Rapidinho, os exaltados cataram pedras e garrafas e tentaram fazer seu Severo de alvo.

O alambrado do lado da torcida do Guarany deu sinais de ceder, e a Brigada tomou posto. Não adiantou. Sem solução, os brigadianos atiraram para cima. Esperavam assustar a horda. Que nada. O pobre do árbitro continuava engalfinhado com o torcedor e os tiros correndo solto.

O tiroteio foi tamanho que os jornais locais batizaram o episódio de Ba-Gua dos 100 tiros. Por um bom tempo, a grande polêmica na cidade era saber se o número dos estampidos foi mais ou menos do que o calculado pelos jornais.

Assim se formou a história do Ba-Gua, desde o primeiro clássico em 1921. A lista dos jogos inacabados, por exemplo, é um dos mais ricos capítulos do futebol gaúcho. No 13 de maio de 1990, a torcida do Bagé, sentindo o time em desvantagem técnica em campo, usou o maroto artifício de jogar a bola para fora do Estádio Estrela D'Alva. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis bolas sumiram, até o árbitro se dar conta de que havia somente uma para o clássico seguir adiante. Então, aos 10 minutos do segundo tempo, aconteceu o que a torcida do Guarany temia: desapareceu a última bola. Procuraram por todos os cantos. E o jogo acabou, 0 a 0.

Alegam os qüeras do Bagé que o episódio foi vingança por fatos ocorridos em um clássico anterior, disputado no Estádio Pedra Moura, quando os viventes do Guarany furaram quase todas as bolas de jogo.

A lista dos inacabados começa em 1931. O Bagé vencia por 2 a 0 e o Guarany saiu de campo. Dez anos depois foi o Bagé que deixou o gramado no segundo tempo por não concordar com a expulsão de Tupã.

Houve mais três clássicos nos anos 30 que mal chegaram à metade do segundo tempo por causa de briga generalizada.

- Só não havia batalha quando torcedores contrários reconheciam do outro lado seus amigos. Então, descia uma aura de civilização e eles se apartavam - conta o jornalista Mário Nogueira Lopes.


Craque dos anos 60, Saul Santos Silva, o Saulzinho (foto ao lado), de passagem por Bagé, Guarany e Vasco, passou a carreira recebendo chutões dos zagueiros e ainda assim marcou 95 gols no clássico, a maior parte nas goleiras do Estádio Pedra Moura. Não raro presenciou cenas tão hilariantes como patéticas: a torcida que ocupava a fileira de cadeiras de palha, bem à beira do gramado, senhores engravatados e senhoras com leques de abano, perdia a cabeça e partia com a cadeira para cima dos jogadores ou do árbitro. Quando o jogo era retomado, a palha destroçada tinha de ser varrida do gramado.

Houve outros episódios de brigas de jogadores e batalha campal em 1956, e em 1969, o clássico não foi adiante por falta de garantia ao árbitro João Carlos Ferrari, atingido por uma pedrada.

Mas ninguém expulsou mais jogadores nos gramados de Bagé do que o valente Tristão Garcia, um árbitro de Pelotas. Num Ba-Gua de agosto de 1950, ele colocou dois para rua, um de cada time. Como o jogo perdurou na categoria da selvageria, e como a torcida surpreendentemente não ameaçava represálias, ele se manteve na missão de pôr ordem na casa. Quando já havia três do Bagé e quatro do Guarany fora de ação, Garcia ouviu o rancor das arquibancadas e se aquietou.

Nunca expulsaram tanto num Ba-Gua. Perto disso, só o clássico de maio de 2003 [relatado anteriormente aqui no blog], com seis expulsões. Ou o dia em que os reservas dos dois times ameaçaram brigar. Aconteceu em 1997. Os dois times em campo, assistindo a tudo surpresos, e os reservas querendo se engalfinhar. Acabaram expulsos.



Vinganças, intrigas e "corpo mole"

Já garantido no octogonal final do Gauchão de 1987, o Guarany enfrentou o 14 de Julho apenas para cumprir a tabela. Se empatasse, também classificaria o Bagé. A semana do clássico chegou recheada de intrigas, com os jogadores do Guarany acusados de estar dispostos a amolecer a partida. Para surpresa de todos, o Guarany fez 1 a 0 e o time se mantinha no ataque. De repente, o 14 de Julho empatou, fez o segundo e o terceiro: 3 a 1. O Bagé quedou-se desclassificado.

Na primeira partida do ano seguinte, o Bagé goleou o Guarany por 4 a 0 no gramado novo do estádio Estrela D'Alva, o Antônio Magalhães Rossel. Mas ainda não se considerou vingado. Pela Copa Cidade de Porto Alegre, em 1991, valendo passagem para o Gauchão, o Guarany disputava vaga direta com o São Paulo, de Rio Grande. Mas deu azar. Dependia do Bagé para vencer o São Paulo no Pedra Moura, na última rodada. Os jalde-negros jogaram com um misto. O time não resistiu ao São Paulo, perdeu por 1 a 0 e foi eliminado.

A desconfiança sempre rondou a cidade de Bagé. Jogador de um time não podia ser visto com um da outra equipe porque logo corria pela Sete de Setembro o boato de que um deles estava vendido. Havia guerra de apedidos nos jornais.

- Bastava encontrar o adversário na esquina para plantar a notícia de complô e a expressão "está vendido" - conta Saulzinho.

Até 1977, calcula Saulzinho, os estádios costumavam colocar mais de 5 mil torcedores por jogo. Nos anos 50, 60 e 70 eram tempos sustentados pela força da pecuária, com dinheiro mais fácil. Não foi à toa que os grandes times da região, como o Guarany de Saul, Solis Rodrigues, Tupãzinho, Ivo Medeiros, Max e Ênio Chaves surgiram nessa época.

Mas foi nos anos 20 que o futebol local explodiu. Assim, o Guarany sagrou-se campeão Gaúcho em 1920, bicampeão em 1938 e vice em 1926, 1929 e 1958. Campeão em 1925, o Bagé ainda foi vice em 1927, 1928, 1940, 1944 e 1957. Mas foi o Bagé quem teve o perfil de clube revelador. Foi no Pedra Moura que surgiram Tupã, Raul Calvet, Sérgio Cabral e o próprio Saulzinho. Todos eles acabaram depois no Guarany.

- Apesar da rivalidade, a passagem de um clube para outro não era tão dramática - lembra Calvet (foto ao lado), que começou como atacante no Bagé e se tornou meio-campista e zagueiro no Guarany, antes de chegar ao Grêmio e ao Santos de Pelé.









( jones.silva@zerohora.com.br )

Que chute!
Em clássico de 1953, zagueiro do Bagé bateu falta de seu campo e marcou o gol da vitória sobre o Guarany.
O lance foi denominado Gol dos 70 metros


Galego
Um dos raros momentos de congraçamento Ba-Gua foi patrocinado pelo técnico Paulo de Souza Lobo, o Galego (foto), o homem que comandou o Bagé por 311 jogos durante os anos 70. Pois Galego formou uma seleção da cidade para jogar no Uruguai. Tomaram um ônibus até Porto Alegre e um avião até Montevidéu. O problema é que chovia dia e noite. Chovia tanto que não houve a mínima chance de sair jogo e a delegação refez as malas. Partiu de ônibus até Bagé sem entrar em campo.
A seleção de Galego só viajou.










Matéria publicada no Jornal Zero Hora (Porto Alegre-RS) no dia 23/01/2007.
Autor: Jones Lopes da Silva

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Fotos: Jornal Zero Hora

Puro Futebol das antigas - Gauchão dos '70

Como eu havia escrito na postagem de ontem, a Zero Hora irá fazer um série de três reportagens (de hoje até terça), sobre o Campeonato Gaúcho dos anos 70, e mostrar como eram difíceis as batalhas no interior. O enfoque será sobre os clubes de Passo Fundo, Bagé e Pelotas. A primeira parte saiu hoje. Para quem tem a oportunidade de comprar a edição impressa, aconselho a aquisição. Belo material, e três páginas inteiras sobre o assunto.Na deste domingo, a cidade retratada é Passo Fundo. Enquanto a Zero Hora não reclamar ou me processar, reproduzirei na íntegra as reportagens. Em tempos de internet e leitores adeptos de textos curtos, vale o aviso: são matérias "longas" (não irei resumir), mas aconselho a leitura. Para quem gosta de cultura "futebolera" é um prato cheio. E que não sejam injustos com este blog: trato deste assunto sempre que posso aqui. Não é o caso de apenas "colar" uma matéria de jornal para ter assunto. É "o" assunto e muito bem retratado pelo pessoal da ZH.
Eis a primeira parte,
Daison Pontes e o Gaúcho de Passo Fundo. Desfrutem.
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No futebol de Passo Fundo, Ele era a lei
Não era fácil jogar em Passo Fundo, Pelotas e Bagé. Virava uma guerra. São histórias que você vai conhecer aqui, de hoje até a próxima terça-feira na série de reportagens O tempo em que havia guerra
MÁRIO MARCOS DE SOUZA

Dura mesmo era a vida dos atacantes naqueles anos 60/70. Eles sabiam que no fim da RS-153, depois de cruzar por campos cobertos de soja, estava Passo Fundo - e lá, à espera deles, sem disposição para mesuras com visitantes, estariam os irmãos Pontes, João (E, na foto) e o mais velho, Daison, uma feroz dupla de centrais. Em campo, todos entendiam por que Daison repetia que para ser campeão um time precisava passar por Passo Fundo. Hoje, a vida parece mais fácil para os atacantes. Jogar em Passo Fundo, na era dos Pontes, era um teste de coragem. - A gente só não admitia desrespeito - lembra o hoje aposentado municipal Daison Pontes, 67 anos, já sem os cabelos longos de antes, mas com uma forma física que nem de longe lembra a idade.


Desrespeito, no mundo dos Pontes, podia ser um olhar, um sorriso na hora errada, firulas ou uma cuspida, como o atacante Nestor Scotta ousou dar em um jogo Grêmio e Gaúcho. Argentino, habituado a batalhas em seu país, Scotta entendeu no fim do jogo que complicado mesmo era jogar em Passo Fundo. - Eu disse 'vamos conversar daqui a pouco' e o segui por todo o campo. Não apenas seguiu. Scotta nunca mais esqueceria aquela violenta dor nas costas provocada por uma joelhada. Foi assim com muitos que violaram a lei dos irmãos. Alguns, habilmente, faziam questão de uma boa relação com Daison. João Severiano era assim. Outros mantinham um combate duro, mas leal. Batiam e apanhavam em silêncio, como fazia Juarez, o Tanque - até o dia em que foi jogado contra o muro. Aí, protestou. "Você quer me machucar?", perguntou àquele outro muro que estava de pé, diante dele. Quem vai à cidade entende bem por que Daison, nascido em General Câmara, ficou tão identificado com Passo Fundo. Os torcedores nunca viram nele apenas um zagueiro violento, mas alguém que não suportava perder. Para isso, lutava sempre, às vezes dando broncas no próprio irmão (cinco anos mais jovem, falecido em 2005), mesmo correndo o risco de ir além de um certo limite. Foi expulso 18 vezes e, em uma delas, condenado a ficar um ano e seis meses fora do futebol por agredir o árbitro José Luiz Barreto em 1974, em um jogo em Santa Maria, ao discordar da marcação de um pênalti. - Era a minha lei. O jogador tinha de ser o mesmo em casa e fora. No dia da agressão em Santa Maria, precisou arrombar a porta do vestiário, correr pela rua, atravessar um cemitério e esperar pelos amigos para não ser preso em flagrante antes de voltar a Passo Fundo. Foi saudado como herói por companheiros e torcedores. Este foi o Daison que virou mito, lembrado muito mais pela raça, mas havia também o outro lado, o do grande zagueiro. - O Foguinho (Oswaldo Rolla, antigo treinador) sempre me dizia: se o Daison tivesse a cabeça do Calvet (zagueiro nascido em Bagé que chegou à Seleção), seria o melhor zagueiro do Brasil - lembra Armando Rebecchi, atual técnico do Gaúcho.Daison sabe que tinha talento, como dizia Foguinho. Abre uma Revista do Esporte de 1963, sobre o sofá azul da casa da filha mais velha, onde mora, e mostra a foto de sua chegada ao Flamengo, espalha dezenas de imagens antigas, lembra das viagens e fala com orgulho dos filhos Denise (do primeiro casamento), com quem está morando, Manoela, de 21, Michele, de 16, Dealeon, de 25 anos - que esperava ver dar seqüência à linhagem de zagueiros, mas que preferiu o vôlei - e do casal de netos. Olha de novo para as fotos, aponta para uma do Inter de 1975, diz que Bibiano, o mais jovem dos três irmãos Pontes, foi melhor do que Figueroa, e destaca: - Não fiquei rico, mas ganhei o suficiente para não precisar pedir favor a ninguém. Passo Fundo sempre respeitou um caráter assim, pouco afeito a concessões, que aprendeu a admirar nos 10 anos do zagueiro no Gaúcho, de 1965 até parar.


Basta circular pela cidade para perceber. Duas vezes por dia, de manhã e no fim da tarde, Daison liga seu Opala 1987 verde-escuro e vai ao Centro. Estaciona na Avenida Assis Brasil, que corta a cidade e, de bermuda, camiseta e chinelo de dedo, começa a caminhada em direção à Lotérica Jordania, de seu amigo turco Zuair Mahmud, situada bem em frente à estátua de Teixeirinha. É um ritual, ele não pode ficar sem a conversa diária com os amigos. No caminho, como ocorreu na última terça-feira de muito sol em Passo Fundo, foi chamado, entrou nas lojas, motoristas buzinaram, pararam a seu lado para uma saudação ou uma brincadeira. Daison sorria orgulhoso. É a saudade da torcida que bate forte. Ela sabe que um Daison no time de hoje já faria diferença - ao menos para deixar a vida dos atacantes um pouco mais complicada.
(
mario.souza@zerohora.com.br )
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Os velhos tempos

De arma em campo
Garante o advogado e jornalista Meirelles Duarte, 70 anos, mais de meio século na imprensa de Passo Fundo, que foi bem assim: em um jogo entre Grêmio e Gaúcho, no Volmar Salton, nos anos 70, a torcida protestou por uma decisão do árbitro contra o atacante Bebeto, ídolo da terra. Ao ouvir isso, o pai do jogador, ex-delegado, que ia sempre armado aos estádios, apesar de enxergar muito mal, ergueu-se e decidiu invadir o campo. Ao passar pelo goleiro gremista Arlindo e ver aquele vulto vestido de preto, como o árbitro, o pai de Bebeto não teve dúvidas - era ele.- Foi uma gritaria danada até convencê-lo de que aquele era o assustado Arlindo e não o árbitro - diverte-se Meirelles.

As camisas sumiram
Estava tudo preparado para o jogo de inauguração do Estádio Volmar Salton, dia 24 de agosto de 1957, pelo centenário de Passo Fundo. Na véspera, os dirigentes foram ao desespero: todas as camisetas do time tinham sumido. Em meio à correria, alguém lembrou-se de pedir ajuda à família Ughini, fabricante de roupas. A empresa convocou então seis costureiras que, em regime integral, produziram novas camisas. No dia seguinte, estava tudo bem exceto por um detalhe: as camisas eram estilo social, com uma abertura fechada por botões. Deu para jogar, pelo menos.

Carne à vontade
Os tempos são diferentes não só no confronto entre Interior e Capital, mas também na vida dos jogadores. Daison Pontes lembra que boa parte da motivação dos times se devia a uma característica da época: os prêmios eram muito maiores do que os salários. Nem sempre eles recebiam em dinheiro, mas em produtos que garantiam conforto e tranqüilidade das famílias.- Às vezes, um torcedor abonado prometia 10 quilos de carne, por exemplo - lembra Daison. - Você já imaginou quantos dias duravam uma quantidade assim de carne?
Mira Bebeto
Além da ferocidade dos seus dois centrais, os irmãos Daison e João, o Gaúcho era temido por outro detalhe: os chutes potentes do centroavante Bebeto, o Canhão da Serra. E poucos goleiros pareciam temer mais isso do que o goleiro argentino Cejas, que jogou no Grêmio na década de 70. Em certo jogo em Passo Fundo, Cejas passou o tempo todo gritando:- Mira Bebeto, mira Bebeto.A torcida ouviu e, aos risos, passou a repetir "mira Bebeto, mira Bebeto". A partir dali, sempre que Cejas jogava em Passo Fundo, tinha de ouvir o coro.

As pedras de Meirelles
O jornalista Meirelles Duarte detém informações e histórias sobre as últimas décadas do futebol gaúcho, especialmente de Passo Fundo - e não faz segredo delas, que ele revela para amigos, curiosos e na coluna Memórias do Esporte, nas páginas do jornal O Nacional. Mas as histórias dele? Há muitas, em qualquer rodinha de torcedores. Uma delas: um dia, em meio à narração, Meirelles desviou sua atenção para uma briga entre torcedores. Ao falar sobre o assunto para seus ouvintes, do alto de sua grande audiência, ele destacou:- Ainda bem que não perceberam aquele monte de entulhos atrás deles.Daison Pontes, ao falar sobre a carreira de zagueiro:“Não fiquei rico, mas ganhei o suficiente para não pedir favor a ninguém”

Publicado em 21/01/2007 no Jornal Zero Hora (Porto Alegre-RS)

Autor: Mário Marcos de Souza

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Fotos: Jornal Zero Hora

Sul-americano Sub 20

Brasil e Argentina se enfrentaram na noite de ontem no Paraguai, valendo pela primeira partida do hexagonal final do campeonato.

O jogo não foi lá essas coisas, apesar dos 4 gols. O Brasil saiu na frente no primeiro tempo, com gol de Luis Adriano (Inter), após erro na saída de bola argentina. Logo no início do segundo tempo, a Argentina empatou, em bela triangulação. Depois disso, chegou a virar, com Cahais, de cabeça após cobrança de falta. E através de uma falta também, o Brasil empatou. Alexandre Pato cobrou, o goleiro espalmou na trave e na volta, Lucas (Grêmio) empatou a partida.

O time brasileiro saiu insatisfeito com o empate, a julgar pelas entrevistas, mas como é a primeira rodada, as chances estão abertas.

O técnico brasileiro Nelson Rodrigues deve atentar para as saídas de bola da zaga...se complicam à toa. Pelo lado argentino, o técnico deve se preocupar com as saídas do goleiro, fundamento sempre crítico para vários goleiros.

Lendo o Diário Olé, achei interessante a forma com que eles descrevem o Brasil e suas equipes, de maneira geral:

"Brasil havia demostrado um grande nível na primeira fase. Clássico como sempre, bons jogadores de tres cuartos para adelante [do meio para frente, seria a tradução?], laterais con chegada, um cinco que distribue bem e um par de roperos para entrar no jogo forte. O Brasil sempre joga igual, e quase sempre vai bem".

Um 2 x 2 apropriado.

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A partir deste domingo, o jornal Zero Hora (Porto Alegre-RS) vai contar histórias sobre o campeonato gaúcho de outras décadas. Pela nota de hoje, parece que será bem interessante:

"A partir deste domingo, em três edições, Zero hora recupera histórias do tempo em que jogar em Pelotas, Bagé e Passo Fundo costumava ser um teste de força e coragem para os visitantes. Você vai saber como estão os personagens que marcaram época no futebol gaúcho." ".

Certamente reproduzirei aqui no blog, e parabéns pela iniciativa do jornal.

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Votem, antes que eu acabe como os caras
desta pesquisa (também não é pra tanto).

Foto: Terra Esportes

Campeonato Gaúcho nos Anos 70

Na sua coluna desta quarta-feira na Zero Hora, David Coimbra comenta sobre os anos 70, ditadura e acaba escrevendo sobre os Campeonatos Gaúchos daquela época.
E como ele cita o Bagé e os irmão Pontes (família de jogadores a qual faz parte o mito
Daison Pontes), reproduzo abaixo o trecho do artigo:

"E o Gauchão! Dava-se a vida pelo Gauchão, nos anos 70. Quando tinha de ir para o Interior, a dupla Gre-Nal ia pé ante pé. Sabia que lá em Passo Fundo estavam os Irmãos Pontes, de dentes rilhados e chuteiras de trava de metal. Os Irmãos Pontes. João, Daison e Bibiano. Tão temíveis quanto o delegado Fleury. E, nos campos duros de Bagé, rosnava o Orcina. Naquela época, o Grêmio Bagé era chamado de "time jalde-negro". Jalde! Ainda se usava a palavra jalde, nos anos 70! Pois Orcina envergava a jaqueta jalde-negra e, que me lembre, quebrou pelo menos três pernas de atacantes metidos a dribladores. Ninguém entrava na grande área impunemente, em Bagé. Mesmo assim, no final, sempre dava Gre-Nal. Era bom o Gauchão, nos anos 70. A cada ano, quando o campeonato começa, como começará esta semana, lembro daquelas epopéias na grama rala e no barro denso. E fico torcendo para que um pouco da mágica daquele tempo volte para dentro dos campos. Mas só para dentro dos campos."

David Coimbra, Jornal Zero Hora, 17/01/2007.

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Dei alguns pitacos por e-mail(não sei se foi lido).
Um deles é sobre a frase: "Mesmo assim, no final, sempre [grifo meu] dava Gre-Nal".
Daí como não sabia se ele se referia ao final do campeonato, ou o final das partidas contra o Bagé, pesquisei alguns pontos deixados em Bagé (na tabela, que fique claro), nos anos 70:

08/07/73 Bagé 1x1 Grêmio

09/05/76 Bagé 0x0 Inter

27/08/78 Bagé 1x1 Grêmio

05/07/79 Bagé 0x0 Internacional

13/08/80 Internacional 0x0 Bagé

Além disso, a torcida do Bagé ainda refere-se ao time como jalde-negro, e a alcunha é Bagé, não Grêmio Bagé.

Na foto acima, tirado dos arquivos do Jornal Minuano (Bagé-RS), está o meia-cancha Orcina, que depois viria a jogador no próprio Grêmio Porto Alegre, e definido na legenda da foto do Jornal Minuano, como um meia de "muito vigor".

Em tempos de Segundona para o Bagé (11 anos!), sempre é bom ver algo publicado sobre o jalde-negro em veículos de grande circulação, além deste resgate de jogadores que marcaram época no interior.

Sobre os campeonatos gaúchos dos anos 70, alguns tinham fórmulas esdrúxulas, mas entre eles encontrei alguns anos em que eram disputados com menos times e sem a complexidade de chaves e sub-chaves, enfrentavam-se todos, turno e returno. Deveriam ser realmente campeonatos interessantes.

Clique aqui para ler o artigo completo do David Coimbra (os links da Zero Hora são temporários, portanto quem estiver lendo isto a mais de 20 dias, possivelmente não funcione).

Foto: do jogador Orcina, no Bagé. Jornal Minuano (Bagé-RS)

Comunidade da Seleção Gaúcha de Futebol

Dizem que os gaúchos, ou uma parte considerável, têm uma veia separatista inerente. Nunca fiz uma mensuração (nem informalmente, como nas esquentes da internet) da quantidade percentual de quem é contra ou favor à idéia.
De qualquer maneira, muitos gaúchos, ainda que não separatistas e longe disso, sonham em ver um dia uma seleção gaúcha organizada e atuando de vez em quando. Alguns sonham mais longe, e pensam nela nos moldes da Seleção da Catalunha na Espanha, que mesmo sendo uma região e não um país, tem a chancela da FIFA para jogar uma vez ao ano.


E pensando nisso tudo, o leitor João Xavier criou a comunidade "Seleção Gaúcha de Futebol", no Orkut. Na comunidade são comentadas possíveis escalações da Seleção Gaúcha atual, histórias de quando a Seleção Gaúcha era formada, alguns exercícios de imaginação, uniformes, além dos resultados das seleções das categorias de base (que eu não sabia que atuava).

A respeito de antigas seleções de Estados, antigamente existiam, mas eram combinados dos grandes clubes de cada Estado, não importando o local de nascimento do jogador, e sim onde atuava. Já o assunto da comunidade é mais voltado para os jogadores nascidos no Rio Grande do Sul e não sobre os que atuam no Estado apenas.


A comunidade conta atualmente com mais de 500 participantes.

O assunto sempre faz a gente puxar pela memória, e normalmente saem seleções bem razoáveis, que fariam frente na América do Sul com as melhores seleções. Faria?

Pra quem quiser participar da comunidade,
clique aqui (necessário ser usuário do Orkut).

Foto: não sei a autoria, e é a imagem utilizada pela comunidade do João.

Expresso da Bola & Foreign Fields

O programa Expresso da Bola, apresentado pelo repórter Décio Lopes, passa no Sportv (canal 39, NET). Hoje assisti o programa visitando o Uruguai, e tentando mostrar alguns fatores que contribuiram para a decadência do futebol uruguaio, tanto seleção como clubes, em termos de conquistas.

O programa é excelente (reprisará, entre outros horários, neste domingo à 8h e 30min), e trata da parte cultural envolvida no futebol e neste programa específico, mostra as mazelas que passa o futebol cisplatino. Há entrevistas com ex-jogadores, treinadores e jornalistas uruguaios também.

Uma das coisas que chama atenção, é o estado em que se encontram os centros de treinamentos dos grandes Peñarol e Nacional. O do Peñarol é um pouco melhor, mas deixa muito a desejar em comparação aos times de ponta brasileiros, por exemplo. Estão naquele esquema: "tudo bem pintadinho", bem cuidado, etc, mas observando as condições de infra-estrutura mesmo, nota-se que eles pararam no tempo. São CT's de times pequenos, que não condizem com a grandeza de Peñarol e Nacional.
Um outro problema é semelhante ao nosso, que é o êxodo dos melhores jogadores, mas com um país de apenas 3 milhões de habitantes, nem os "exportados" são grandes destaques tecnicamente.

O programa mostra também a relativa ascensão do Danúbio, e a curiosidade é que existem 3 jogadores gaúchos por lá. Um deles, zagueirão de 1,95 de Santana do Livramento, já há 7 anos por lá, que virou o "xerife" e líder da equipe e também o ex-Brasil de Pelotas, Marcos Tora (meio-campista). O time está investindo nas categorias de base, e começa a colher os primeiros resultados, com um título uruguaio e neste ano participará da fase "pré-Libertadores", enfrantando o Vélez Sarsfield. O vencedor entrará no grupo do Inter.

E o documentário retrata também a economia uruguaia e a cultura "futebolera" de lá. Vale a pena assistir, excelentes imagens da capital Montevidéu, e um ótimo texto de Décio Lopes.

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Ainda sobre documentários, o leitor Froner indicou aí na caixa de recados ao lado , o documentário da BBC "Foreign Fields", que trata sobre a violência nos estádios pelo mundo. Assisti apenas a primeira parte, estou carregando as outras, mas já me apresso em indicar mesmo assim. Muito bom o documentário, e na primeira parte aparecem as torcidas italianas e argentinas, com entrevistas de torcedores (Rafa di Zeo), Di Canio (jogador da Lazio) e inclusive uma com "el Dié", Maradona. Vale a pena assistir também, só pela primeira parte dá pra ver que tem tudo o que não tinha no outro documentário que comentei aqui ontem. Após assistir todo, coementarei aqui, mas só pela primeira parte, nota 10, muito bom mesmo.
Abaixo os links do Youtube para quem quiser ver (é em inglês e sem legendas em português). O Froner, que já assistiu todo, pode comentar aí pro pessoal ter mais uma idéia do documentário.
Valeu pela dica, Froner!

(os trechos são de aproximadamente 10 minutos cada um)

Primeira Parte
Segunda Parte
Terceira Parte
Quarta Parte
Quinta Parte
Sexta Parte

Violência

Alguns falam que os torcedores de futebol são violentos, se não necessariamente, em média. Eu discordo. Acho que o ser humano em geral (e principalmente em grupo) tende à violência.
Se o esporte mais popular do Brasil fosse o tênis, considerariam os torcedores de tênis violentos.

O exemplo vem de fora do futebol. Alguém imaginaria que fãs de certo cantor seriam violentos, por serem fãs de música e discutirem sobre ela e seus artistas?
Pois vejam esta notícia:

Homem é baleado na barriga em briga sobre altura de James Brown
Altura de James Brown faz homem levar dois tiros

11 de Janeiro de 2007

Um homem recebeu dois tiros no abdômen durante uma acalorada discussão sobre a exata altura do recém-finado James Brown, na cidade norte-americana de Atlanta.
David James Brooks Jr foi baleado por Dan Gulley quando uma singela discussão sobre as dimensões verticais do ícone da soul music acabou virando uma briga feia. Gulley foi acusado na última segunda-feira.
Testemunhas disseram que a discussão foi tomando formas mais acaloradas e culminaram nos dois tiros na barriga de Brooks, que correu para o carro para pegar sua arma, atirou contra Gulley, mas errou todas as tentativas. Após o incidente, Brooks foi levado ao hospital.


Da redação por: Rafael Mordente

Tirem suas conclusões.

Foto e fonte: Terra
O tradicional Torneio de Verão que ocorre todos janeiros em Mar Del Plata, Argentina, está em disputa. A competição envolve River, Boca, Racing, Independiente e San Lorenzo.
O torneio já foi glamoroso, servindo para mostrar as novidades dos times e levar ao público veranista grandes clássicos argentinos.
Mas este ano o estado do gramado foi o que chamou a atenção de quem assistiu a partida (o Sportv está transmitindo). O jogo inicial foi o clássico de Avellaneda, Racing x Independiente. Terminou 0 x 0, e o gramado(?) ajudou na falta de gols.

A organização do evento diz que o motivo do campo estar neste estado, é que houve um show de uma banda de rock, só que a apresentação já faz quase um mês.
A foto acima até que é generosa (por não mostrar o panorama completo), pois na tv se viam grandes círculos de barro ao invés de grama.

A iniciativa de levar jogos de início de temporada para cidades onde estão os veranistas é excelente, entretanto problemas de estrutura como estes não são raros.
No Rio Grande do Sul, a Federação Gaúcha novamente marcou alguns jogos da dupla Gre-Nal no litoral, este ano em Cidreira. Espera-se que o gramado e estádio (ex-Sessinzão) estejam em boas condições para abrigar as partidas e não como as bilheterias da foto ao lado (certo, está em reformas, eu sei).

Sobre o clássico na lama, as palavras de um cronista argentino, Sergio Dubcovsky, do Olé :
"Um pouco de vergonha nos deu o estado calamitoso do campo de jogo do estádio José María Minella de Mar del Plata na abertura do futebol de verão, com um clássico, titulares e tudo. Além das questões estéticas (horríveis os lagos de lodo e as grandes franjas de pasto), o descuido influiu diretamente no espetáculo: uma bola que picava como se tivesse um coelho dentro, imprecisões aos montes, jogadores temerosos de lesionarem-se quando apenas começa a temporada."



Ainda sobre filmes de torcedores de futebol, um que assisti e não gostei foi o Guerra de Torcidas (Hooligans e Thugs: Soccer´s Most Violent Fan Fights). Na realidade o filme é um documentário, feito (quer dizer, editado) em 2005, mas com imagens bem antigas de ultras italianos (na maior parte das cenas) envolvidos em distúrbios. Mais para o final do filme, as cenas são de torcedores ingleses, e alguns holandeses.

A idéia, apesar de não ser muito original, até que não é ruim. O problema é que o pessoal parece que não quis ter muito trabalho e também não entendem de torcidas.

O resultado é que o documentário é um apanhado de imagens amadoras, jogadas de forma desorganizada no filme. Quase não há informações sobre as torcidas envolvidas, passando a nítida impressão que o texto foi feito por alguém estranho ao futebol. As cenas são antigas e também não são informadas as datas, apenas quando aparece na gravação devido à filmadora amadora (a maioria é de meados de 90).
A locução é bem parecida (quanto ao conteúdo, ou falta dele) com as dos programas do tipo "Vídeos Incríveis" ou dos vídeos que o Sílvio Santos passava nos tempos do programa "Tentação".

Na capa (nesta daí de cima não aparece, mas no DVD que aluguei tinha) em destaque aparece: "comentários de José Trajano"(ESPN Brasil). Bem, realmente Trajano comenta, mas não sobre o que está aparecendo no filme, e sim um papo sobre violência de torcedores, bem genérico.
E não sei onde gravaram o áudio, mas parece que o Trajano está sentado no seu banheiro, com um eco de fazer inveja a muitos vídeos amadores.

Além disso, para completar os 65 minutos do filme, os caras deixam rodando longas "picuinhas" entre meia dúzia de torcedores, que se arrastam por vários minutos. Tem alguma ou outra cena mais bizarra, mas poucas. Resumo da história: eu estava torcendo que acabasse duma vez.

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A imagem do garoto da capa do filme fez sucesso aqui no Brasil, porque o pessoal usava a foto dele em montagens com camisetas de vários times brasileiros, nos avatares de fóruns e no Orkut.

The Football Factory

Já havia assistido o "Hooligans", que é aquele filme com o Elijah Wood ou "Frodo", sobre a violência entre torcidas no futebol bretão. Depois de comentar, vi em vários fóruns, o pessoal elogiando mais o The Football Factory (o título em português é "Violência Máxima" - impressionante como avacalham com os títulos originais aqui no Brasil), e muitos indicando como melhor entre os dois mencionados - a comparação é(?) inevitável.

Então ontem assisti ao The Football Factory. Na verdade eu gostei do filme sim, é bem interessante até porque usa bastante do humor, sem ser comédia, é claro, tendo vários momentos engraçados. Mas quem espera ver algo sobre futebol ou relacionado, não há uma nesga. Nada. Os torcedores nem camisas dos times usam. Não sei se esta é a realidade local inglesa, mas acho que durante todo o filme vi dois ou três adereços dos times citados e um pequeno trecho de um jogo entre duas "escolinhas".

Na verdade são gangues de bairros que se enfrentam tendo como pano de fundo suas simpatias clubísticas. Se isto, de certa forma não decepcionar o fã do futebol e de cultura futebolística, o filme é legal. Mostra a velha Inglaterra, aquele ambiente londrino de pubs e ruas antigas. O filme se é fiel à realidade, mostra que o pessoal inglês anda muito desocupado mesmo em termos de diversão. Sem nada melhor para fazer nos finais de semana, o povo prefere a adrenalina de enfrentamentos com rivais à uma mesa de poker, e com muita cerveja, maconha e cocaína como coadjuvantes.

E tanto em Hooligans como em The Football Factory, aparece a ansiedade com que as torcidas esperam o sorteio da Copa da Inglaterra (que como no Brasil junta times de todas as divisões). Aqui no Brasil não há isso, de esperar o sorteio, assistir, etc. Mas isso também devido às dimensões do Brasil. Como disse antes, essas torcidas são gangues que convivem na mesma cidade muitas vezes, ainda que seus times não se enfrentem, e a Copa é o único momento em que times como Manchester e Liverpool, enfrentarão clubes modestos e no caso inglês, em que suas gangues poderão enfrentrar-se "oficialmente".
E apesar disso tudo, também nos dois filmes, as brigas retratadas são sem facas, revólveres e assemelhados. Rola um tijolo aqui e um "soco-inglês" ali, mas nada comparado com o que aparece em alguns estádios brasiileiros. Só não sei se é assim na realidade também.

Sobre a violência propriamente dita e o título em português, não espere muito: nada demais.
Mas quem estiver interessado em locar, vale pelo entreterimento e pelo humor, nota 7,5.

2007 e "off-futebol"

Aos amigos que visitaram o Puro Futebol neste período de festas de final de ano, minhas sinceras desculpas. Coisa irritante é site/blog desatualizado e blogueiro/webmaster que não dá sinal de vida. Mas foi inevitável.

Fui passar alguns dias em Bagé e de lá não entrei na internet. Antes que pensem mal de minha cidade, explico: sim, existem computadores, mas não acessava nada de lá. Mas lembrava do blog.

Passados os dias de reunião familiar, volto ao meu velho PC e às agruras do dia-a-dia (meu ano universitário ainda é 2006). Me retirei na cidade mais quente do RS (e a mais fria no inverno). Muito calor e nem um zéfiro de alento, literalmente, absolutamente literalmente. Mas as reuniões com familiares e amigos foram ótimas. Agora volto ao "mundo real". Só para terem uma idéia, eu só soube ontem que Saddam Hussein havia sido enforcado (se é que não foi algum "spam" sensacionalista enviado ao "Jornal Hoje").

Sobre o nosso velho futebol, apenas acompanhei de "relancina" algumas contratações, as quais já estamos acostumados: valores saem, e voltam "japoneses" e "segunda linha" européia, todos brasileiros, diga-se.

De resto, a alegria de estar com o "meu" povo, e matar sobremaneira a saudade do assado verdadeiro, na brasa (moro em apartamento, imaginem). Foram 9 dias e 9 churrascos, variando entre churrasqueira "tradicional", sobre tijolos, no "tonel cortado", e pra cúmulo da tradição, até no valão.

Portanto, peço aos generosos leitores que relevem este tópico, pois nada trata de futebol.

Sobre futebol, volto amanhã. Mas estamos de volta.
Agradeço ao pessoal que ainda visitou o blog, mesmo que estivesse mais atirado que gato de solteirona perto do fogão a lenha.

E agradecimento especial ao Maurício, que mesmo nesta ausência de posts, andou por aqui vendo como as coisas estavam. Para ele, digo: o bolicho tava com o bolichero oitavado, talvez depois de perder as fichas e esvaziar a guaiaca numa carpeta pelas bandas orientais, mas sempre contando com os paisanos da freqüência para cuidar das dependências, como o amigo.
Abraço, Maurício!

Um grande 2007 pra todos. Ainda é lugar-comum, mas a sinceridade está presente. E muito futebol nas veias de todos nós.


Feliz 2007!


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