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La Doble Visera

Em novembro de 2006, foi publicado aqui no PF uma nota sobre o fim das atividades futeboleras na “Doble Visera”, estádio do Independiente de Avellaneda, até o final da sua remodelação. Depois de quase 3 anos, os rojos voltam a jogar em casa, com o estádio “Libertadores da América” reformulado. Ainda existem etapas a serem cumpridas, mas na noite de hoje o Independiente se reencontrou com a torcida, em sua casa.

É interessante observar que em muitos casos, o estádio de determinado time, por sua história, se torna coadjuvante , no mínimo, quando contada a saga do clube. Apesar dos apelos da modernidade, mesmo que alguns destes sejam justos, um estádio com história nunca deve ser desprezado. Não raro, um estádio é o time.

A famosa cancha do Independiente começou a ser elaborada nos anos 20, já que o clube precisava de um novo local para seus jogos. Seria a terceira sede do clube, fundado em 1905. Pensaram num grande estádio porque já nos anos 20, o Independiente colocava dez mil expectadores em clássicos locais. O projeto, portanto, deveria ter também isto em vista.

A compra do atual terreno não foi fácil (foi pago em 72 prestações), incluindo negociações com proprietários de famílias “racinguistas”, torcedores do rival.


Uma curiosidade, é que o projeto vencedor, do engenheiro Federico Garófalo, previa um pavilhão igual ao da tribuna do hipódromo do Rio de Janeiro, recém inaugurado na época. Segundo o Olé, através do historiador Claudio Keblaitis:
“La intención era construir una estructura de 157 metros de largo, 35 escalones y 28° de inclinación. Totalmente techada. Una construcción novedosa: una visera curva, doble... De cemento...”

Ainda como hoje, os abnegados do Independiente sofriam problemas com os rivais do Racing: enquanto a torcida do rojo colaborava durante o dia com materiais para a empreitada, à noite torcedores do Racing os subtraiam. A coisa acabava em tiros, inclusive, o que obrigou o Independiente a construir muros e contratar um ronda:
“La gente de Independiente llegaba con carros de tierra para rellenar el terreno. Y por la noche, aparecían los de Racing, con chatas, para robárselos. Terminaban a los tiros. Hubo que alambrar el predio y pagarle a un sereno".

Esta terra era necessária para nivelar o terreno, e também para aterrar, já que era uma área de charco (de apelido ‘’El Pantano de Ohaco’’). Somado a isto, a intenção era contruir um estádio de cimento, o que naquele local, era mais difícil ainda. Mas a chuva colaborou para que os depósitos de terra fossem nivelados. Estava aterrado “el Pantano”.

Depois destes e outros percalços, o Independiente inaugurava sua cancha, em 4 de março de 1928, num 2 x 2, contra o Peñarol, frente a 35000 torcedores. O terceiro estádio “de cimento” da América do Sul e um dos maiores.






Passado os anos, “La Doble Visera” presenciou o Independiente finalista em sete títulos da Libertadores, 2 vezes conquistar o Mundial Interclubes, e inumeráveis partidas lendárias. Casualmente ou não, estas vitórias vieram após a remodelação que ocorreu em 1960. Da mesma maneira que a “modernidade” pode ser nefasta a um clube, muitos são os exemplos de clubes que atingem outros patamares mais altos, após investir no seu estádio. Temos exemplos aqui mesmo, no Rio Grande do Sul.




Hoje o Independiente, depois de quase três anos, retornou para sua casa, com vitória: 3 x 2, diante do Colon. Como nos anos 20, a empreitada foi alvo de dúvidas e piadas, não infundadas, porque as dificuldades eram muitas. Mas pela segunda vez, a Avellaneda não tem exatamente uma nova cancha, mas um novo estádio. Se pode perder algo de sua história, com o novo “Libertadores da América”, por outro lado cria uma expectativa em seus torcedores, inclusive olhando para 1960: é de se perguntar o que poderá ocorrer nesta nova fase do Independiente, numa “Doble Visera” remodelada, mas que sempre carregará a história desta legendária cancha.

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Fotos: Deportivo Olé e Claudio Keblaitis


Fonte: Deportivo Olé, Wikipédia Hispânica e Site Oficial do Independiente.

Jogadores alentaram

O futebol não cansa de produzir fatos inusitados. Desta vez, o futebol argentino nos dá mais uma demonstração de que a "caixinha de surpresas" é inesgotável. Se o fato não é inédito, em termos de futebol profissional, é ao menos raro.

Na noite do último sábado, enfrentavam-se pela "Primera C" argentina (eufemismo para 4ª Divisão argentina?), Barracas Bolívar x Lamadrid.

O jogo foi disputado na cancha do B. Bolívar, que até o começo da confusão (15 minutos do segundo tempo) vencia a partida por 3 x 0.

Foi nesse momento que iniciou uma confusão fora de campo. Um grupo de torcedores e jogadores do Barracas Bolívar que não atuaram na partida, passaram a "putear" (palavra usada como sinônimo de xingamentos, em Bagé e no site do Lamadrid) o grupo de dirigentes e jogadores do Lama (apelido carinhoso dedicado ao clube) que também não atuaram na partida, e estavam na arquibancada como "hinchas" visitantes.


Daí veio o começo da briga, entre as duas torcidas (e/ou suplentes dos suplentes e mais direção do Lamadrid). Os jogadores do Lamadrid que perdiam em campo por 3 x 0, provavelmente achando melhor ir fazer outra coisa, e vendo seus companheiros sendo agredidos, resolveram pular o alambrado e juntarem-se aos seus na peleia, no meio da arquibancada.
Ao que parece todos conseguiram o intento, já que os 18 jogadores que estavam inscritos na partida pelo Lamadrid foram expulsos.


Após a confusão o Lamadrid acusou, em sua página oficial, a direção do Barracas Bolívar, por não ter oferecido segurança, por não ter determinado nenhum policial para aquele local e porque durante toda a confusão não apareceu nenhum dirigente local para tomar providências. O site também diz que no começo eram 20 do Barracas Bolívar contra 8 do Lamadrid, e se os jogadores que estavam em campo não tivessem acudido, juntariam-se mais 50 locais contra os mesmos 8.
Dá a entender também que existiu uma certa rusga por eles serem "portenhos", e ''los arrabaleros" os "putearam" neste sentido também . Alguém que conheça melhor a geografia de Buenos Aires pode explicar melhor.

Pelo lado do Barracas Bolívar, também em nota oficial, o clube garante não ter nada a ver com a confusão. Que nenhum dirigente estava envolvido na briga (na imprensa havia esta acusação), e que inclusive convidaram aos de Lamadrid para irem para o espaço reservado aos visitantes, mas que esses se recusaram: "Los mismos prefirieron permanecer en el sector local conociendo la tranquilidad y buen comportamiento del público bolivarense".
Além disso, ainda segundo o site, a peleia ia tranquila, até a chegada dos jogadores do Lamadrid que "invadiram a arquibancada" e a partir daí, sim, a polícia teve que usar um pouco mais de força.
Aguardamos pelas imagens históricas dos jogadores pulando o alambrado.
Enquanto isto, um pouco dos clubes:

Club Atlético General Lamadrid
Fundação: 11 de maio de 1950
Estádio: Desaguadero 3180 (1417), Villa Devoto - Capital Federal
Títulos: 1ª"D" : 1977 - 1983 - 1995 e 1ª "C" : 1998
Apelido:"Carcelero" (o apelido "carcereiro" é porque o estádio do clube é ao lado de uma penitenciária)
Club Sportivo Barracas Bolívar
Fundação: 30 de outubro de 1913
Estádio: Municipal de Bolívar
Títulos: Primeira D em 2004.
Apelido: Los Arrabaleros (suburbanos, vileiros, ou algo assim, gente do "arrabalde")



Editado:
Eis o vídeo:
(olhando o vídeo nota-se que os jogadores do Lamadrid tentaram pular o alambrado, não sei se algum conseguiu, e depois vários correm, ao que parece, para uma saída alternativa pra a arquibancada. Mas o fato é que os jogadores foram realmente brigar na arquibancada).


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Fontes:
Notas oficiais dos clubes sobre o ocorrido:
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