O futuro do futebol do interior gaúcho

Um dos temas mais difíceis de serem debatidos é o formulismo sob o qual se encontram os clubes do interior do Rio Grande do Sul. E talvez a maior dificuldade seja porque é um assunto que não depende só dos clubes daqui ou da Federação Gaúcha de Futebol. Quem manda e desmanda nesse tema e num país viciado em gestões centralizadoras, onde não conseguem fazer uma liga sequer pra acordar suas próprias tabelas de jogos, é a Confederação Brasileira de Futebol. E nós podemos imaginar o grau de interesse que a CBF tem, por exemplo, no fato de que tem times em cidades pequenas do Rio Grande do Sul que ficarão mais de um ano sem futebol profissional por obra (aqui o leitor poderia imaginar “por obra da penúria financeira”, sempre tão reclamada, mas não é o caso) da própria Federação!
Ou seja, a entidade deve defender seus filhados e por extensão inclusive a prática e difusão do esporte, incentiva, e inclusive obriga, a que fechem o departamento de futebol profissional por mais de um ano.

O caso do Bagé é um bom exemplo. Foi clube fundador (através do
Rio Branco) da FRGD (Federação Rio-grandense de Desportos), em 18 de maio de 1918, atual FGF.
Disputou todas as competições que lhe cabiam, inclusive as mais disparatadas fórmulas e acatando desportivamente inclusive aberrações jurídicas (no âmbito da Justiça Desportiva). Desde 2001 disputa o atual modelo de Segundona, e em todos os anos, com exceção de 2011, sempre passou da primeira fase da competição e, na maioria destes anos, de forma tranqüila, em primeiro ou segundo lugar das chaves. Ironia do futebol, justo no ano em que é implantado o rebaixamento para os dois últimos colocados de cada chave da primeira fase, o Bagé faz sua pior campanha da história. mas estava lá no regulamento, que venha a Terceirona.

O injusto, se é que há injustiça neste sentido no futebol, é que por anos e anos o Bagé manteve-se em atividade nestas competições menores, com interesse genuíno, o que contribuía indiretamente para a valorização deste campeonato, que hoje o Bagé não tem mais direito de disputar, enquanto clubes aventureiros (que nem entrariam no futebol profissional caso tivessem que começar numa 3ª divisão) vão jogar, mesmo tendo cumprido campanhas pífias nos anos anteriores ou tendo começado no futebol profissional ano passado (literalmente, não é figura de linguagem).

Entretanto, caímos no campo. Que tivesse sido pensado nisso antes de aprovar a fórmula deste ano. Isto já está posto e o lamento é mais pela própria “injustiça” do futebol, que também por estas é futebol.

Mas o surreal é que os times que caíram pra 3ª divisão este ano,
não poderiam participar da Copa FGF do segundo semestre. por decisão da FGF. Ela decidiu que os clubes deveriam fechar as portas. Ao invés do incentivo para que se jogue futebol, o negócio e ficar fechado até o segundo semestre de 2012, porque a 3ª divisão do ano que vem só começa após o término da Segundona 2012.

Quer dizer, como castigo não basta cair de divisão (além disso, cair pra uma divisão incipiente), tem que fechar as portas por mais de um ano (15 meses, para ser exato).

A deficiência técnica é crime hediondo. Além do que, se formos analisar as causas de chegar a este ponto, muitas delas tem a mesma origem daquela que nos impede de jogar.
E, cúmulo dos cúmulos, por medida da CBF, teremos que assistir jogos da 3ª sem poder beber cerveja.


Gauchão é a “elite”

Antes do retorno da Terceirona, já era da opinião que o Gauchão não serve pra absolutamente nada no longo prazo dos clubes do Interior, a não ser que saíssem campeões com certa freqüência. A outra serventia era a questão da “flauta”: um rival na A e outro na B rende aos torcedores. Aí veio a “mesada” da FGF de 500 mil reais para os clubes do Interior (em virtude das cotas de TV) e o discurso de chegar ao Gauchão é tudo que importa ficou mais forte. Mas pelo que se viu nos últimos anos, as coisas seguem da mesma forma.

Clubes como o Veranópolis ou Santa Cruz, por exemplo.
Organizados, montam times “ajeitadinhos”, ainda mais com os 500 pila da FGF...por 3 meses (isto para quem chega na final). Além de nunca ganhar o título. E por nove meses (tempo suficiente até para gerar e parir um novo ser humano) ficam sem futebol. E assistindo os seus conterrâneos torcendo massivamente para Grêmio e Internacional. Claro, na cidade nem futebol tem, enquanto Grêmio e Inter disputam grandes campeonatos.

E nem falo da questão “mistos” (que torcem pra Inter ou Grêmio, mas dedicam a mesma energia pro clube da cidade dele), o que surge agora é um torcedor que simplesmente abandona, em todos os sentidos, o clube da cidade para assistir futebol pela TV.
É pra isso que serve o Gauchão pros clubes do Interior.


Divisões Nacionais

Por tudo isso é que FGF e CBF deveriam criar divisões nacionais pra todos os clubes profissionais que estivessem dispostos a participar de um certame nacional. Nem que pra isso fosse necessário a criação da série Z. Mas sem fórmulas complicadas.

Um dos argumentos de quem é contra este sistema é a enorme extensão territorial do Brasil (e por isso altos custos em viagens). Mas quanto menor a divisão, mais regionalizada seria. A principal preocupação nestas divisões “menores” seria uma tabela que previsse nove meses de jogos. De março até novembro. Subindo de divisão, e consequentemente aumentando as distâncias, os clubes teriam maior aporte financeiro, tanto pelo bom momento, quanto por entrar numa divisão que tenha cotas de TV.

Poderiam fazer com que a última divisão nacional, fosse várias divisões, uma em cada estado. Campeão e Vice subiriam para a divisão subseqüente, que seria por região (região sul, por exemplo), ou a divisão seguinte seria a junção de dois estados lindeiros (RS e SC, por exemplo).

Outra boa sugestão li no blog
O Século XX, de Sérgio Fontana. A sugestão do Sérgio:
“O Campeonato Gaúcho/2011 terminou para o Pelotas em 10 de abril. De lá para cá são mais de 75 dias sem jogar, e esse tempo ainda vai se estender, pelo menos, até o final de julho (...)

Baseado nesta realidade, questiono o calendário do Campeonato Gaúcho, cuja a fórmula e tabela é adaptada à disponibilidade dos times principais da dupla Gre-Nal, que a partir do mês de maio precisam estar livres para cumprirem os jogos do Campeonato Brasileiro.(...)

Penso que o Gauchão, assim como os campeonatos de todos os outros estados brasileiros, poderiam ser transformados em uma das séries do Campeonato Brasileiro, quiçá, uma Série E, que classificaria, por exemplo, 4 (quatro) clubes para a Série D do ano seguinte. Jogariam a tal Série E (ex-campeonato estadual) os clubes que não estivessem envolvidos nas demais séries do Campeonato Brasileiro. Isto quer dizer que, nos dias atuais, Internacional, Grêmio (Série A), Brasil de Pelotas, Caxias (Série C), Cerâmica, Juventude e Cruzeiro (Série D), não jogariam o ex-Campeonato Gaúcho, que seria transformado em um grupo da Série E, e poderia ser desenvolvido, por exemplo, de março a novembro. Os meses de janeiro e fevereiro ficariam só para a pré-temporada; o mês de dezembro seria o das férias dos atletas.
Todos os clubes jogariam o ano todo, e com objetivos bem definidos, sem mais invenções.”


Eu gosto do Gauchão, inclusive o maior título do Bagé foi nessa competição, mas não é possível seguir matando o futebol do interior gaúcho em nome da história.
Se Grêmio e Inter não concordarem, que façam um “super gauchão” (como tantos cronistas da capital adorariam, pois pra eles só se pode assistir “futebol de qualidade):
que organizem uma série melhor de 5. Ou quantos jogos acharem conveniente.
Ao final das “pugnas” que se declare o SUPER CAMPEÃO GAÚCHO.
Enfim, na prática isto já ocorre, salvo as duas exceções que todos sabem.

Para os clubes do interior seria a chance de obter um calendário com “ano cheio”, não ficar nove meses ou mais de um ano parado e principalmente ter objetivos que verdadeiramente trarão crescimento ao clube.

Do jeito que está, comemoram perder uma quarta de final pra um time da Dupla. Este é o “título” do ano e o ostracismo até janeiro. Se não mudarem isso o ostracismo será eterno, apenas colocando um time em campo para representar uma empresa e não mais um clube.
_________________________________


Recebi um e-mail, através do blog, de Tiago Collares que trabalha na assessoria parlamentar do deputado Alexandre Lindenmeyer, que é também ex-presidente do Sport Club Rio Grande.
No e-mail, Tiago está divulgando uma audiência pública para debater o futebol do interior gaúcho, que será realizada dia 24 de agosto. Em virtude desta audiência, resolvi escrever o texto deste tópico.



AUDIÊNCIA PÚBLICA


FUTEBOL GAÚCHO: CONFIRMADA DATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA
Chegou a hora de amarrar as chuteiras e jogar junto por um futebol do interior mais forte no RS. Com a aprovação da proposição do deputado estadual Alexandre Lindenmeyer que visa discutir o “o futuro do futebol do interior gaúcho” pela Comissão de Educação, Desporto, Cultura, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa, o parlamentar definiu, no início desta semana, a data da audiência pública que pretende mobilizar a cena esportiva gaúcha.

“Será uma grande oportunidade para debatermos e buscarmos as melhores alternativas para fortalecer o nosso futebol do interior. Portanto, a participação dos dirigentes e colaboração da imprensa esportiva (principalmente a do interior) é fundamental”, diz o deputado e ex-presidente do SC Rio Grande.

Um dos principais assuntos da audiência será o documento intitulado Jogo Aberto que propõe algumas diretrizes para um debate democrático entre clubes, Sindicatos, Federação Gaúcha de Futebol (FGF), Imprensa e Governo do RS.

O encontro será realizado no dia 24 de agosto, às 17h30min, na Sala João Neves da Fontoura (Plenarinho) da AL

O quê: Audiência Pública “O futebol gaúcho em debate";
Quando: 24/08, às 17h30min;
Onde: Assembleia Legislativa do RS - Sala João Neves da Fontoura (Plenarinho) – Porto Alegre-RS;
Público-Alvo: Dirigentes dos clubes da primeira, segunda e terceira divisão do futebol gaúcho, Sindicatos, Imprensa Esportiva, Torcedores e demais interessados no assunto;
Serão Convidados: Direções e Dirigentes dos clubes, Associação de Cronistas Esportivos Gaúchos (ACEG), Associação de Garantia do Atleta Profissional (AGAP), Sindicato dos Atletas Profissionais (Siapergs), Sindicato dos Treinadores Profissionais do RS (STPERS), Sindicato dos Árbitros de Futebol do RS (Safergs), Sindicato dos Empregados em Clubes e Federações (SECEFERGS), representantes de Torcidas Organizadas e a Federação Gaúcha de Futebol (FGF).


Segundona Gaúcha 2011

Neste final de semana começa a Segundona Gaúcha 2011. O verdaeiro futebol gaúcho volta a respirar (ainda que por aparelhos) por 28 estádios (ou não) espalhados por toda República Rio-Grandense.

Todos sabem que Segundona Gaúcha é o melhor campeonato de futebol do país. Mas este ano estará mais encardida ainda e desde a primeira fase. Devido ao aumento do número de clubes (que nesta edição chega aos 28 participantes), a Federação Gaúcha de Futebol resolveu promover a volta da Série C em 2012. E farão parte da Série C, além dos clubes novos ou reativados (que sempre tem), os dois últimos colocados de cada chave, já na primeira fase. Ou seja, na Chave 1, por exemplo, formada por 6 clubes que já foram campeões gaúcho da 1ª divisão, e pelo centenário 14 de Julho, terá dois clubes tradicionais inevitavelmente na Terceirona ano que vem. Então pode-se esperar verdadeiros embates campais desde a primeira fase, que em outros anos era mais “calma” se comparada às fases subseqüentes.

Uma outra novidade é mais uma viagem cara para os clubes da Metade Sul: União Frederiquense, de Frederico Westphalen participará pela primeira vez da Segundona. Tem também a volta do Riopardense, que ano passado esteve licenciado.

A lamentar as ausências (já tradicionais) de Grêmio Santanense e São Gabriel.

Como todo começo de Segundona, mas este ano em especial, as torcidas estão se mobilizando, apesar e dentro da penúria já conhecida; e lentamente, ao menos parece para quem acompanha jornais e internet, o pessoal mais jovem do interior gaúcho está apoiando um pouco mais os clubes locais.

Obviamente o objetivo de todos é subir, chegar ao grande pampa da “elite” do futebol gaúcho. Mas a 1ª divisão gaúcha está cada vez mais longe do Interior, até por culpa do abandono dos torcedores interioranos. Esse torneio de 3 meses é um suicídio para os times do interior, salvo aqueles que conseguem uma vaga para a Série D do Brasileirão. Mas agora que a FGF distribui uma grana alta para que os clubes da 1ª montem times pra 3 meses, é um argumento forte para que os dirigentes achem o Gauchão um grande negócio. Mesmo que passem o resto do ano fechados, perdendo torcedores que assistem pela TV Libertadores e Brasileirão. O tamanho continental do Brasil fez com que o nosso futebol ainda não tenha se consolidado, com campeonatos decentes e temporadas completas para todos. Mas isso fica pra outra postagem.


Para quem andava esquecido da Segundona, abaixo o regulamento resumido, os clubes e onde acompanhar. Os primeiros jogos já serão neste sábado, olha aí na tabela da primeira rodada mais abaixo.

Boa Segundona!
________________________________________

Regulamento resumido (retirado da Wikipédia):
A competição será disputada em quatro fases:
- Na primeira fase, os clubes serão divididos em quatro chaves e os cinco primeiros colocados de cada uma delas avançam à próxima fase. Os jogos serão de ida e volta e as equipes que não se classificarem disputarão a Terceira Divisão Gaúcha em 2012.
- Na segunda etapa, os vinte clubes serão divididos em cinco chaves, se classificando os dois primeiros colocados de cada uma delas à terceira fase. As partidas serão de turno e returno.
- A terceira e penúltima etapa da competição contará com dez clubes, divididos em duas chaves. Os jogos serão de ida e volta e os dois primeiros colocados de cada chave se classificam para a última fase.
- A última fase será formada pelas quatro equipes restantes. Elas disputarão em jogos de turno e returno duas vagas para a Primeira Divisão Gaúcha de 2012.
________________________________________

Primeira rodada:
26/02 - Riograndense x Juventus - 16 horas
26/02 - Atlético-Ca x Guarani-VA - 17 horas
26/02 - Brasil-Fa x Cerâmica - 18h30min
26/02 - Brasil-Pel x 14 de Julho - 20 horas
27/02 - São Paulo x Farroupilha - 19h30min
27/02 - Milan x Três Passos - 16 horas
27/02 - Garibaldi x Sapucaiense - 16 horas
27/02 - Guarany-Cam x Aimoré - 16 horas
27/02 - União x Santo Ângelo - 16 horas
27/02 - Passo Fundo x Glória - 18h30min
27/02 - Riopardense x Gaúcho - 16 horas
28/02 - Bagé x Rio Grande - 20 horas

________________________________________

CLUBES:
________________________________________

UNIFORMES:


___________________________________

Onde acompanhar notícias de todos os clubes:
http://www.segundonagaucha.com/
http://peleia-fc.blogspot.com/
http://wp.clicrbs.com.br/entrevero/?topo=2,1,1,,,2

________________________________________


Sites dos clubes:
14 de Julho
Aimoré
Atlético-CA
Avenida
Bagé
Brasil-FA
Brasil-Pel
Cerâmica
Esportivo
Farroupilha
Garibaldi
Gaúcho
Glória
Guarani VA
Guarany BA
Guarany CA
Juventus
Milan
Panambi
Passo Fundo
Rio Grande
Riograndense
Riopardense
Santo Ângelo
São Paulo
Sapucaiense
TAC
União

As pelotas de todas as Copas

Futebol é também cultura e história. Através das bolas utilizadas em cada Copa do Mundo, pode-se observar a evolução do equipamento esportivo. Mirando as redondas, nota-se claramente que a maior evolução ocorreu entre 1966 e 1970. Depois de 70, é algo bem parecido com o que vemos hoje em termos de bola. Começamos com a polêmica e já famosa Jabulani. Sobre o nome da bola de 2010, eu comentava aqui em casa: "Querem apostar que vai ter um monte de guria batizada com este nome?". Perderia a aposta, mas não por vontade dos pais e sim por veto de um tabelião com bom senso. Então vamos viajar, de 2010 até 1930, começando pela Jabulani - África do Sul, 2010.

Jabulani - África do Sul 2010




Teamgeist (Espírito de Equipe) - Alemanha 2006




Fevernova - Coréia do Sul/Japão 2002






Tricolore - França 1998 (A primeira a não ser preta e branca)






Questra - Estados Unidos 1994 (Foi projetada apenas para ser usada em 94, mas devido ao sucesso acabou sendo utilizada na Euro 96 e Olimpíadas de Atlanta).





Etrusco Unico - Itália 1990 (Primeira com impermeabilização total)






Azteca - México 1986 (Primeira bola sintética em Copas do Mundo)






Tango España - Espanha 1982 (sequência da Tango utilizada na Argentina. Recebeu impermeabilização nas costuras).





Tango - Argentina 1978 (Não tenho certeza, mas acho que foi a primeira a levar o nome da cidade em que o jogo era disputado. Hoje dia a bola recebe inclusive os nomes dos países que disputam a partida).





Telstar Durlast - Alemanha 1974 (Esta tem impresso o nome do país)






Telstar - México 1970 (Primeira bola da Adidas confeccionada para uma Copa do Mundo. Uma notável diferença com relação às anteriores).






Inglaterra 1966 (Esta da foto abaixo foi utilizada no jogo Inglaterra x Argentina).








Chile 1962







Suécia 1958







Suíça 1954 (A primeira a colocar o nome do país organizador)







Brasil 1950






França 1938 (Esta está judiada)






Itália 1934






Uruguai 1930 (A primeira. Esta bola pode ser vista no Museu do Estádio Centenário, em Montevidéu).




Fotos e ideia pra postagem: Deportivo Olé (Argentina).

Alguns Estádios interessantes da Copa África 2010

O texto abaixo é do Luciano, do Trincheira Cerebral, que de vez em quando escreve também sobre futebol. O blog dele trata sobre uma infinidade de assuntos, vale a visita (o endereço do Trincheira Cerebral está fixo ali nos "links extra-campo").
________________________________

Alguns Estádios interessantes da Copa África 2010

Eu comecei a pensar em escrever este post depois do jogo da Alemanha x Austrália.
Do alto de minha sapiência futebolística (como podem comprovar através dos palpites), só comparada ao Galvão falando de música e futebol, achei que uma das favoritas é a Alemanha. Mas agora, não dá mais para fazer previsão nenhuma sobre os jogos da copa. A Alemanha perder para a Sérvia foi o equivalente ao Dunga não usar gola rolê durante os jogos, praticamente impossível, quase uma utopia.

Mas outra coisa que me chamou a atenção foi o estádio, que achei impressionante. Já tinha achado o Soccer City muito legal, mas o Moses Mabhida achei impressionante. Não tinha prestado muita atenção aos estádios antes, mas são uns panelões. As tais vuvuzelas nestes estádios devem triturar a sanidade de um cidadão. Por um momento estavam considerando proibir, para deleite do público nos estádios (acredito eu) e infortúnio do público televisivo global (poderíamos ouvir melhor o Galvão), mas parece que desistiram. O som tá melhor que o futebol e já que a China fabrica 90% das vuvuzelas da Copa, se as proibíssem nos estádios, o que os torcedores da Coréia iam fazer nos intervalos dos jogos? Para completar a curiosidade, cada vuvuzela sai a preço de custo R$ 0,50 e produz 127 decibéis. O inferno não sai caro, é baratinho baratinho. Lembrem disso.

Voltando ao assunto, resolvi então, para encher lingüiça, fazer esta postagem sobre alguns estádios da Copa do Mundo 2010 - África. Talvez complete depois, talvez não.

Soccer City - O canecão de cerveja!



O Estádio Soccer City, Johannesburgo, é um dos mais tradicionais do continente, já bem conhecido dos africanos. Foi nele a final da Copa Africana de Nações, em 1996, quando a África do Sul conquistou o título com 2x0 em cima da Tunísia. Construído na década de 80, reformado para o Mundial de 2010, teve sua capacidade ampliada de 80 mil para algo entre 88.460 / 94.700 lugares. Fica perto de Soweto. Foi no Soccer City o primeiro grande comício de Nelson Mandela após a saída da prisão, em 1990 e também o funeral de Chris Hani, em 93. Será palco do jogo de abertura e da decisão da Copa de 2010. A forma e o layout atual foram inspirados no Calabash, um pote tradicional africano, que os alegres africanos enchem e compartilham a cerveja. A Calabash é feita da Lagenaria siceraria, uma cucurbitácea (parente do nosso mogango, mas não se falam)




Esta é a Lagenaria siceraria, Calabash para os íntimos em seu estado natural e depois pronta para a festa. Além disso, saibam também que o cachimbo de Sherlock Holmes é feito de Calabash (algumas partes).





Abaixo vocês podem observar um feliz e compenetrado Guerreiro Zulu bebendo sua cervejinha em sua Calabash social (detalhe para as sobrancelhas do guerreiro ébrio..). Na próxima foto, a anarquia impera: A Calabash grupal comemorativa! Preste atenção no semblante de quem não esta de posse do trago!




Moses Mabhida - O maior Bungee Jump da África



Estádio Moses Mabhida - Considerado um dos mais bonitos da Copa, inclusive por mim, o estádio de Durban tem uma arquitetura bem diferente, com destaque para o grande arco que liga os trechos norte e sul, que faz uma referência a bandeira da África, além de um anfiteatro e um teleférico que será instalado depois da copa e dará aos turistas uma vista especial da cidade litorânea. O pessoal vai poder andar de bondinho e caminhar em cima daquele arco. Foi construído como substituto ao Kings Park, já demolido. O Estádio é nomeado homenageando Moses Mabhida, um militante contra o Apartheid, Tem capacidade para 70.000 vuvuzelas (:=D), mas por razões de segurança, acredito eu, depois da Copa ficará com capacidade para 54.000 pessoas. O Brasil joga lá contra Portugal (medo?), no dia 25/06, as 11:00.




Imagina o pulo...

Essa imagem do Mabhida visto de cima, se tirarmos o arco, lembra também..hã..esqueçam.




Ellis Park - sem frasezinhas engraçadinhas


Estádio Ellis Park - Mais conhecido pelos jogos de rúgbi em Johannesburgo. Inaugurado em 1928, hoje em dia comporta 70 mil lugares. Muito mais lembrado pelo pisoteamento de dezenas de pessoas em abril de 2001, durante uma partida entre Orlando Pirates e Kaiser Chiefs. Foi o local de estréia do Brasil, como impressionante placar de 2x1 sobre os coreanos-chineses e também será palco de uma semifinal do grupo G. Foi lá também que o Brasil ganhou a Copa das Confederações, em 2009, sobre os Estados Unidos, por 3x2. O filme Invictus, com Morgan Freeman que mostra entre outras coisas o título de rúgbi conquistado em 1995 pela África, tem o Ellis Park como "protagonista".

Nos tempos do Rubgi


Esquecendo um pouco as cheerleaders, e especialmente para relembrar os alcoolizados e ensandecidos turistas brasileiros que circularam pelos arredores de Ellis Park na terça, dia 15/06, durante a estréia do Brasil, e avisar os que pretendem ir na semifinal lá, a Trincheira Cerebral lembra que esta plaquinha foi retirada do estádio, antes da copa:


Tradução: Cuidado com seqüestros, assaltos e quebrar e agarrar (quebrar o vidro do carro e roubar).

Estamos acostumados. Não quero estragar a festa (eu não fui...) mas a região teve um total de 7.089 assaltos entre abril de 2008 e março de 2009, segundo dados oficiais da polícia sul-africana (copiados diretamente daqui). Aconteceram ainda 88 assassinatos (mais 82 tentativas) e 521 ocorrências de crimes sexuais. E a notícia que os crimes sumiram, neste link.


Nelson Mandela Bay




Estádio Nelson Mandela Bay - O estádio escolhido para a decisão do terceiro lugar e uma das quartas-de-final da Copa 2010 é o primeiro destinado exclusivamente para o futebol na região de Port Elizabeth, no sul do país, pois para adaptar o EPRU Stadium (já existente) para a copa seria muito dispendioso, tendo que praticamente reconstruí-lo. Então, montaram um novo. O Nelson Mandela Bay tem como atrativo para os turistas uma vista privilegiada do Lago North End, o estádio Nelson Mandela Bay também será usado após a Copa para shows e eventos. É chamado de Girassol (the sunflower) pela semelhança com pétalas de sua cobertura. Foi o palco da vitória da Coréia sobre a maravilhosa seleção da Grécia.




Quem quiser saber sobre os outros estádios, aqui no site da toda-poderosa FIFA tem. Por hoje é só pessoal. PORTO ALEGRE!
__________________________________
Texto de Luciano, do Trincheira Cerebral, colaborando com o Puro Futebol.

Cruzeiro é da A

Se em anos “normais” a Segundona Gaúcha é deixada em 10º plano, imaginem em ano de Copa do Mundo. Mas no ano da graça de 2010 Ela ainda está em disputa e na sua fase derradeira. Então, vamos ao que realmente interessa no futebol mundial.

Na tarde de hoje, o Cruzeiro atingiu o acesso para 1ª Divisão. Fundado em 1913 (portanto inspirador do Cruzeiro de Belo Horizonte e não o contrário, como muitos desavisados pensam), campeão gaúcho de 1929, o clube estrelado não disputa a 1ª divisão há 32 anos.

O acesso chega com uma rodada de antecedência, e para obter o título (sem dependência do outro jogo) deve empatar a próxima partida, fora de casa, contra o também postulante a uma das vagas, Lajeadense.

Na partida da tarde de ontem, o Cruzeiro venceu o Brasil de Farroupilha, pelo placar de 3 x 2, chegando aos 10 pontos conquistados. Mas a vitória foi dramática. Um primeiro tempo fácil e tranquilo: 3 x 0 para o Cruzeiro. Já na segunda etapa, o pavor: o Brasil marca dois gols, tornando o empate uma ameaça real. Para alegria cruzeirista, manteve-se assim até o final. No outro jogo da rodada, o São Paulo (outro clube que teve o nome copiado no centro do país) empatou em casa com o Lajeadense, comprometendo sua aspiração de conseguir o acesso.

Aliás, esta rodada foi polêmica também fora de campo. A Federação Gaúcha de Futebol determinou que as partidas fossem disputadas no mesmo horário. Como o Cruzeiro não possui iluminação artificial em seu campo, o jogo do São Paulo, que estava marcado para às 20h30min, foi antecipado para a tarde, para revolta da torcida e direção rubro-verde. O São Paulo, pelo caráter decisivo da partida e pelos públicos recentes no Aldo Dapuzzo, contava com casa cheia para empurrar a equipe. Com a mudança, claramente prejudicial para os planos do São Paulo, a direção do clube cogitou até mesmo abrir os portões para a torcida (fato que não sei se ocorreu).

Apesar de jogos no mesmo horário colaborarem para a lisura de qualquer campeonato, esta não era a última rodada, e mesmo com o líder (Cruzeiro) jogando de tarde, independente do resultado da partida Cruzeiro x Brasil, os clubes envolvidos no jogo de Rio Grande teriam que lutar pela vitória, não restando qualquer espaço para combinação de resultado entre os adversários. Além disso, Porto Alegre conta com o estádio do Passo D’Areia, com iluminação artificial e melhores condições para a transmissão da TV (que, com o jogo no horário da tarde, teve que disputar atenção com o jogo da Copa do Mundo). Se fosse para manter a decisão de jogos no mesmo horário, seria mais lógico que o jogo do Cruzeiro fosse colocado de noite, em outro estádio da capital, não prejudicando as torcidas (pelo horário) e nem punindo o clube que possui sistema de iluminação, como de fato acabou ocorrendo.

Mesmo com estes argumentos a FGF manteve a decisão, alimentando a justificada revolta são-paulina e certas teorias conspiratórias. Isto porque, parte da torcida do São Paulo, já desde a 2ª rodada deste quadrangular, acha que é desejo de muitos que o Cruzeiro dispute a 1ª divisão, poupando a dupla Gre-Nal de mais uma viagem ao interior.

De qualquer maneira, a equipe e torcida cruzeirista nada tem a ver com isto e merecidamente obtiveram o acesso e, quem sabe, o título da Segundona 2010.

Para os outros clubes envolvidos, resta o consolo de que todos possuem chances (apesar de apenas o Lajeadense não depender de outro resultado), senão vejamos tabela e próxima rodada:

Classificação atual:
1º Cruzeiro.........10 pontos
2º Lajeadense
...07
3º Brasil..............05
4º São Paulo........05

Última rodada:
Brasil-Fa x São Paulo
Lajeadense x Cruzeiro

A Segundona Gaúcha chega ao fim e mais uma vez não são apenas os apontados como favoritos conseguem o acesso.

Parabéns ao Cruzeiro pela conquista do acesso, dentro da mais inóspita e peleada competição do país.

Fotos: Ricardo Giusti/Jornal Correio do Povo
top