O Uruguai classificou pra copa?**

O Uruguai classificou pra Copa? No mais puro copeirismo atávico? Só estou esperando caírem em uma chave bem bacana, do tipo França, Portugal, Uruguay e Nigéria. Não que eu queira, mas é que...

A Centúria Celeste
Após ir dormir com a cabeça inchada por mais uma aviltante goleada sofrida pelo seu time do coração no semi-clássico regional, Cesinha acordou possuindo a Verdade Absoluta.Acordou num sobressalto, é bom que se diga.
Consciente do impacto que tal revelação causaria ao mundo, ao sentimento de paixão incondicional de cada torcedor, de cada time do globo terrestre pelo futebol em si, Cesinha cogitou omitir. Além do mais, a Verdade Absoluta era por demais grandiosa (afinal era a Verdade Absoluta) e, como toda a nova revelação revolucionária, haveria de ser desacreditada. É.
O melhor mesmo era calar-se para sempre.
O mais ajuizado, o mais sensato, o mais inteligente. E, por isso mesmo, Cesinha decidiu fazer a grande revelação.

Para isso, chamou seus dois comparsas e futuros difusores da Verdade Absoluta: Alex e Alemão. Sexta-feira, oito da noite, Mesa Magna da sala de reuniões (Snooker do Patinho, mesa de plástico da Polar) Alemão: Ó, Cesinha, espero que desta vez valha a pena, hein...

Alex: É! Da última vez em que falamos, tu vieste com aquela história de complô da Federação Gaúcha de Futebol pra beneficiar você sabe quem, e, quando perderam, ficou aí inventando mil desculpas...

Cesinha: É que eu tinha um bom informante... conheço um cara que é filho de um conselheiro do clube, e...

Alemão: (levantando) Eu vou embora!
Cesinha: Tô pagando a cerveja
Alemão: (senta-se rapidamente) Vou ficar só pra não dizerem que sou mau amigo.
Alex: Qual é o caso desta vez? Quem está armando contra teu time desta feita? O Talibã, a máfia soviética? (risos)
Cesinha: Russa! É máfia russa. Mas não, não tem ninguém querendo prejudicar o meu time, a não ser, é claro, os de sempre. Hoje vim revelar-lhes A Verdade.
Alemão: A verdade?
Cesinha: Não. A Verdade. Com maiúscula. A Verdade Absoluta.
Alex: Bom, então neste caso, que venha a primeira rodada!
Alemão: É!
Cesinha: Certo, certo (esfregando as mãos) ...Patinhô, uma Polar grande e três copos. Limpos, desta vez.

Sexta-feita, oito horas da noite mais quatro minutos, mesmo lugar mas agora com cerveja.

Cesinha: seguinte, eu fui dormir na noite passada um pouco chateado, devido aos acontecimentos...
Alemão (interrompendo) O sacolaço de 6x0 que vocês tomaram, de novo, do...
Cesinha: (cortando aos gritos) Cala a boca! Eu tô pagando a cerveja e vocês vão me ouvir!
Alex: Fala aí!
Cesinha: Hunpf...
Alemão: Deixa de frescura. Fala!
Cesinha: Todas as Copas do Mundo foram arranjadas!

É preciso dizer que Alex e Alemão levantaram ao mesmo tempo e foi preciso que o Cesinha, além de implorar para que ficassem, prometesse cerveja ilimitada para ambos, a noite toda, até às seis da madrugada.Caso alguém estivesse consciente até lá, é claro.
Reinício da palestra, oito da noite mais treze minutos, o lugar não muda nem sequer mudará. Mais uma cerveja na mesa.

Cesinha: Como eu ia dizendo, quando vocês de maneira muito desrespeitosa interromperam, todas as Copas do Mundo foram arranjadas.
Alex: Tá bom...
Alemão: Todas?
Cesinha: Todas menos uma! Que foi arranjada, mas uma das partes não colaborou. E por isso paga até hoje.
Alemão: Qual é...
Cesinha: Calma! Esta revelação se dará somente mais tarde.
Alex: Olha, Cesinha... que uma ou outra tenham sofrido influência até vá lá, mas... todas... ou todas menos uma...
Cesinha: Provarei através de evidências irrevogáveis, meu caro. Evidências irrevogáveis. Obviamente devo dizer que as regras do jogo do poder mudaram muito durante os anos. Que medidas preventivas foram tomadas em função de determinadas circunstâncias, mas, hoje, temos padrões muito bem definidos de conduta, possíveis campeões, leis de compensação histórica e, é claro, motivações políticas de toda a ordem.

Alemão: Nossa, isso vai longe... ô, Patinhô... mais uma.
Após alguns protestos, discussões de veto às influências políticas e três cervejas além, já passa das nove da noite e o álcool começa a trabalhar na mente dos convivas. Além do mais, ficou convencionado que, antes do arranca-rabo de 45, a coisa era por demais obscura à luz dos fatos e evidências.
Cesinha sorriu com a simples menção de tal divisão. E assim ficou acordado entre os três.

Alex: Tá como tu nos explica a Itália ter ganhado a Copa da Alemanha, em 2006?
Cesinha: Europeísmo e compensação histórica. Fácil!
Alemão: como assim?
Cesinha: Os europeus, depois de 58 (e mais tarde darei uma explicação adicional que é a alma da teoria), tomaram uma medida de preservação – que eu chamo de europeísmo – para que jamais uma seleção não-européia ganhasse naquele continente.
Alemão: Tá, mas por que não a Alemanha?
Cesinha: Poderia até ser, em caso de acidente, mas foi a compensação histórica por a Alemanha ter conquistado a de 90, na Itália.

Considerando tal uma evidência ao menos considerável, Alex e Alemão começaram a se interessar mais pela teoria do amigo.

Alex: Tá. Resolvido 2006 e 90. Mas e 2002? O que tem a ver o Brasil com o Japão e a Coréia?Cesinha: Lembra o que fizeram com a Espanha e a Itália nos jogos contra a Coréia? E o Brasil contra a Turquia! Os brasileiros – sobretudo o Zico – reinventaram o futebol no Japão e como a Copa era fora da Europa, a CBF já havia previamente aceitado perder a Copa de 98 para a França e reconquistar o título quatro anos depois, por predileção nipônica e sob o aval da FIFA.

Novamente Alemão e Alex se entreolham. As coisas começavam a tomar forma. De repente tudo parecia fazer sentido: uma incrível, milionária e mundial manipulação de resultados se mostrava palpável.
Alex queria mais evidências, porém:
Alex: 62?
Cesinha: América do Sul. O Brasil tinha o melhor time. Não tinha como não ganhar!
Alemão: 66?
Cesinha: Inglaterra. Os inventores do futebol nunca tinham conquistado o título-maior do futebol...
Alex: 70...

Cesinha: O time do Brasil era mágico. Talvez o maior de todos os tempos. O Negão tava no auge... mas só ganharam porque era no México. Fosse na europa, teria dado Itália.
Alemão: 54! Final européia! O que tu me diz disso? Hein, hein?
Cesinha: (sorrindo com ares de fidalgo) Bem... primeira Copa do Mundo na Europa pós-guerra... Alemanha em frangalhos... o povo alemão precisava de um alento... de uma nova razão para se orgulhar... de um milagre... um milagre de Berna!

Alemão já estava arrepiado – e bêbado, enquanto Alex não parava de se remexer na cadeira. Tudo fazia sentido. Tudo estava claro! Como haviam sido inocentes! Graças a Deus eram amigos do Cesinha, que tanto subestimavam e que agora mostrava-se, irretorquivelmente, o mais genial de todos deles.

Alemão: Quais Copas faltam... un...
Alex: 74?
Cesinha: Alemanha jogou em casa. Poderia ter dado Holanda. Prevaleceu o fator local...
Alemão: 1978...
Cesinha: A ditadura comprou esta Copa, meus caros. Era na Argentina, eles nunca haviam sido campeões.
Alex: ora, ditadura...
Cesinha: A Argentina ganhou de 6x0 do Peru no último jogo classificatório e foi pra final. O tal do Cruyff se negou a jogar esta copa pois sabia do que a ditatura era capaz.
Alemão: Meu Deus, tudo faz sentido... ô, Patinhôôô, mais uma aqui pra nós!
Alex: 82?
Cesinha: Na Europa. Final entre Itália e Alemanha. Vocês acham que foi por acaso? Com o timaço do Brasil? Precisa ser muito inocente...
Alex: 86?
Cesinha: Copa fora da Europa. Gol de mão. Maradona no auge...
Alemão: 90?
Cesinha: Já falamos de 90, que, além do já dito... bem... foi a revanche de 86, na Europa. Era claro que a Alemanha seria a campeã... ou vocês acreditam que um time que tinha Maradona poderia perder uma partida daquelas e com gol de pênalti ainda por cima...

Houve um longo tempo de silêncio. Todos davam generosos goles em seus copos. Pareciam meditar. Cesinha estava em transe. Alex estava perplexo. Alemão pedia mais uma cerveja. Alex consultou o velho cebola: nove e trinta e três. Respirou fundo e veio-lhe à mente uma idéia que poderia colocar tão maravilhosa trama abaixo. Não teve escolha:

Alex: Mas... Cesinha...
Cesinha: Sim?
Alex: E 50? O mais óbvio era que o Brasil ganhasse, afinal a copa era aqui, o Maracanã estava estourando gente, o Uruguai já havia sido campeão em sua própria casa...
Alemão: Pois é (gole) em 50 (gole duplo) o Brasil (gole longo) deveria ter sido o campeão!

Cesinha atirou os braços para os lados. Sorriso de Mona Lisa no rosto.Os amigos perceberam, aliviados, que ele deveria ter uma justificativa para aquilo.E tinha.

Cesinha: De fato, 1950 foi arranjada para o Brasil ser campeão.
Alemão: Mas como?! E por que o Uruguai ganhou?
Alex: É, pelo visto a sua tese caiu por terra...

Cesinha serviu-se com mais cerveja. Entornou o copo inteiro e produziu um “Ahhh” de satisfação. Prosseguiu.

Cesinha: O Uruguai sabia que deveria perder. Em troca de compensações futuras, como todas as seleções de qualidade e/ou força política. No entanto, alguns homens de muito valor como Schiaffino e Ghiggia simplesmente se negaram a entregar o jogo para o vizinho e rival histórico. Eles sabiam que se perdessem a partida em tais circunstâncias, não perderiam somente um campeonato. Perderiam suas almas. Houve um silêncio de alguns segundos. Nem o Alemão se atreveu a dar um gole neste lapso de tempo. Cesinha não deixou a bola cair.

Cesinha: Tanto é, que quando o jogo acabou, os jogadores do Uruguai não foram comemorar direto. O juíz apita e alguns deles se olham, como que dizendo: “O que foi que nós fizemos?” Os brasileiros não acreditam no que está acontecendo... e, por fim, 58 foi a compensação histórica por 50. E todos os títulos europeus na Europa foram a compensação desta compensação. Hoje, enfim, temos um padrão bem definido de como a coisa toda funciona.

Alemão: (já completamente alcoolizado, mas juntando forças para formar uma frase completa) Mas Cesinha... o Uruguai não deveria ser punido?
Alex: (com olhos arregalados) Meu Deus... o Uruguai... nunca mais ganhou nada... ficou fora de muitas e muitas Copas do Mundo... é eliminado em repescagens contra times de Rugby... Cesinha, meu querido: eis a Verdade Absoluta.
Cesinha: Sim, mas tal punição tem prazo, meus queridos...
Alemão e Alex: Tem?!
Cesinha: Sim, 100 anos.
Alex: 100 anos?! Mas...

Cesinha: Sim, a punição tem um nome: Centúria Celeste.Alemão: Centúria Celestre...
Alex: Centúria Celeste...
Cesinha: É. Centúria Celeste. Até 2050, pelo menos, o Uruguai não ganhará uma Copa do Mundo sequer. Este é o preço que pagam por não terem vendido suas almas.

Alemão, mais por bebedeira que por amor à República Oriental, tinha lágrima nos olhos. Alex estava em êxtase. Cesinha sorria, superior.

Cesinha: E saibam que esta é somente a ponta do iceberg. Citei as Copas do Mundo pois trata-se da vitrine do futebol. Até aqui, no nosso certamente gaúcho há manipulações de toda a ordem e que vocês não enxergam porque não o querem...Obviamente a esta altura do campeonato qualquer coisa que o Cesinha dissesse seria lei. O brasileiro (gaúcho ou não) tem verdadeira tara por uma teoria conspiratória. E quanto mais conspiratória e mais inverossímel, mais digna de crédito!

Alemão: (recuperando por alguns segundos a sanidade e a sobriedade) Patinho, vê mais uma... ô, Cesinha, perdão por ter duvidado de ti... mas agora conta, sério, o que o campeonato gaúcho nos reserva? Quem será o campeão?

Cesinha: pois bem, estas derrotas que meu time vem sofrendo são embustes, disfarces para despistar o grande público. O campeonato já está comprado para nós por nosso futuro novo patrocinador. Já tá tudo certo!
Alex: Como é que é?!
Cesinha: Exato. Já tá tudo certo! Uma grande empresa multinacional patrocinará o glorioso. Compraram este campeonato junto à federação e aos times de capital por uma fortuna e alguns favores futuros que, agora, não posso revelar, por favor não insistam (ninguém haviam feito sequer menção de insistir). Ano que vem o patrocinador entra oficialmente no time que é campeão gaúcho e – por favor, é segredo, viu – campeão da Copa do Brasil deste ano também e ganhará muita mídia... como eu disse, já tá tudo certo!

Alex e Alemão estavam perplexos. Beberam muito até o amanhecer. Cesinha sentia-se um deus.Nas semanas que passaram, nosso profeta-futebolístico teve tratamento de Rei pelos dois amigos (e pelos amigos dos amigos que ficaram sabendo dos fatos). Cesinha não pagava mais cerveja nem entrada em lugar que fosse. Celebridade: era isso o que Cesinha se tornara entre os fanáticos da bola naquela cidade e assim era tratado por todos. O clube do coração de nosso filósofo do esporte bretão chegou – como não poderia deixar de ser – à final do Campeonato Gaúcho. Todos em polvorosa. Primeiro jogo da final na casa do glorioso (no interior do estado), segundo jogo na capital. A primeira partida acabou em 1x1. Após o término, numerosa audiência no Snooker do Patinho. Cesinha chegou – com a camisa do clube – e, após ser rapidamente cobrado, respondeu com ares de despreocupado:- Já tá tudo certo!
Querem exposição maior na mídia do que uma vitória épica fora de casa? Todos se calaram, envergonhados.
De fato, Cesinha estava num patamar acima dos demais. Eram todos medíocres nos conhecimentos do futebol. Menos ele, o Escolhido.Todos beberam à saúde do amigo. Cesinha, a essas alturas, tinha copa livre na casa.

Domingo, cinco horas da tarde mais três quartos, finalíssima do Gauchão, Snooker do Patinho, todos os amigos, conhecidos e admiradores do Cesinha presentes. Cesinha estava na capital, vendo o jogo no estádio. O juíz apita o final do jogo. Time da capital 4, time do Cesinha 0.

Apesar de seu time ser o campeão, Alex está revoltado. Quer tirar satisfações.O celular de Cesinha está desligado, mas pouca diferença faz. Ele nunca mais irá ligá-lo. Cesinha sequer voltou para sua cidade. Está morando com uns primos e – dizem – até já arrumou emprego.
Patinho está revoltado: quer cobrar todas as cervejas que Cesinha tomou quando ainda era ídolo.

Alemão e Alex não vêem a hora de encontrar o Cesinha: querem surrá-lo até a exaustão.
Todos os seus amigos lhes viraram as costas, por professarem tamanho despautério, esquecendo, é claro, o fato de também terem dado crédito e divulgado tal tese.

É, pode ser que o castigo para o Uruguai não dure tanto, mas o Cesinha, ah, o Cesinha sim, vai curtir um longo exílio.
E pensará 2 vezes antes de falar qualquer coisa que seja, principalmente sobre futebol.

Cesinha, já tá tudo certo: sua carreira acabou, garoto!

** Por Maurício Kehrwald

Sangue,sufrir e la main de Dieu

E o Fluminense está novamente numa final continental. O jogo de volta com o Cerro Portenho foi complicado, tomou gol cedo e a partida estava com todo o jeito que iria para a prorrogação (em Assunção a equipe brasileira havia vencido por 1 x 0). O jogo ia catimbado, com os paraguaios tentando quebrar o ritmo, mas o Fluminense conseguiu o gol de empate (Gum, na foto acima comemora) quase no finalzinho do jogo. Com este resultado o Cerro Portenho ficava de fora, então se atirou ao ataque até com o goleiro. O Fluminense recuperou a bola, tocou para Alan que quase na divisória do gramado disputava o lance com o goleiro Barreto, que foi batido. 2 x 1. Estavam ainda comemorando, quando iniciou uma rusga na lateral do gramado. Segundo a reportagem (Sportv) a briga começou porque algum jogador do Cerro Portenho agrediu um gandula. A coisa quase generalizou, mas os contendores foram acalmados. O Cerro Portenho é convidado pela PM para ir ao vestiário, e na entrada do túnel, aquele velho problema: alguns policiais tornam o convite oficial, de cassetetes nos lombos paraguaios. Uma coisa é jogador brigar dentro de campo, todo mundo de meião e chuteira, outra é a polícia, bem equipada, brigar com jogador por estar irritado. Algumas vezes se desequilibram. E de cassetetes e escudos nas mãos (com os quais podiam empurrar a cachorrada pra dentro do túnel sem maiores cansaços), saem distribuindo indiscriminadamente. O pessoal da TV, por sua vez, trata tudo como "cenas lamentáveis", mas são coisas bem diferentes, sendo que a segunda é bem mais perigosa. Aqui no RS mesmo, há alguns anos atrás, um jogador do São Luiz de Ijuí, numa briga no campo do Juventus de Santa Rosa, foi posto a knockout por uma agressão deste tipo, saindo de campo desacordado.

Mas assim foi e ocorre não só no Brasil. Mais tarde, um repórter informa que foi avisado pela polícia que os jogadores paraguaios brigavam entre eles dentro do vestiário. Não sei o que a polícia fazia lá dentro e nem o motivo de tanta rapidez em divulgar a informação. Só espero que não tenham emprestado os cassetetes para os paraguaios que brigavam entre si.

Uma sugestão é que a polícia dentro de campo divida o efetivo em dois grupos:
- grupo 1: composto pelos mais calmos, que sabem usar o equipamento para dispersar o tumulto e não para envolver-se nele passionalmente;
- grupo 2: os mais "emotivos", que costumeiramente envolvem-se em campo. Este grupo iria pro campo de abriguinho e chuteiras. Pronto, aí vão pra cima dos jogadores, em condições de igualdade(?), como foi em Porto Alegre, em 1993,Grêmio e Penharol, pela Supercopa (este vídeo só achei em espanhol, apesar da narração de fundo ser em português, mas é de um programa uruguaio).



O que não gosto neste tipo de confusão, típica de copas sul-americanas e segundona gaúcha, é o dia seguinte nas televisões e jornais brasileiros. Amanhã o coro será de "cenas lamentáveis", "manchou a festa", "estragaram o espetáculo", "já deveriam ter sido banidas do futebol", "triste espetáculo" e assim por diante. Nos tele-jornais com menos tempo dedicado ao esporte, um apresentador sério e indignado, após as cenas (mal editadas):
- Lamentável.

Mas o baile segue e o Fluminense avança, chegando às finais desta Copa Sul-americana. Nesta quinta-feira conhecerá o adversário, sai de LDU x River do Uruguai, que se enfrentam no Equador, foi 2 x 1 para o River na primeira partida. Muita gente torce para que LDU e Fluminense reeditem a final da Copa Libertadores 2008, mas o River tem tudo para atrapalhar este desejo.
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Pare de sufrir: ¡Al Mundial!
(Manchete do El País do Uruguai, baseada no bordão publicitário da Igreja Universal


E o Uruguai está de volta a um Mundial. Mas não foi fácil e novamente o Centenário teve uma noite de calafrios até o final da partida. Os uruguaios haviam vencido a primeira partida fora de casa por 1 x 2 e nos fizeram acreditar numa classificação fácil., ainda mais depois de abrir o marcador em Montevidéu, ainda . Que nada. Minutos depois, o time da Costa Rica empatou a partida, deixando a coisa dramática. Neste jogo também teve confusão, no reservado do Renê Simões. Depois de 5 minutos de interrupção o jogo é retomado e o Uruguai não consegue o comando do jogo, deixando a torcida com o chivito na mão. A Costa Rica chegou a ter uma ótima chance de gol, numa bola em que o atacante entra na área uruguaia, agarrado pela camisa, e chuta cruzado. Perto do final, o Uruguai consegue alçar algumas bolas na área, perdendo uma ótima chance de gol, mas aí sim, conseguindo a manutenção da posse de bola. Ao final, como era esperado, delírio no Centenário, que quase presenciou mais uma tragédia do futebol charrua. Agora é Copa do Mundo, com o Uruguai fechando a lista de 32 seleções classificadas.

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Quase fizeram o que parecia impossivel:

Mas não deu para a Irlanda. Torço para estes toscos em todas as eliminatórias e este ano estiveram perto de conquistar uma vaga histórica (sempre é histórica) e heróica. Tocou aos irlandeses enfrentar a França na repescagem européia. Na primeira partida em Dublin, perderam por 1 x 0. Hoje não pude assistir à partida, mas imaginava um passeio francês, dada a dificuldade histórica da Irlanda em fazer gols, ainda mais fora de casa. Mas surpreendentemente a Irlanda venceu em Paris, 1 x 0, gol de Robbie Keane. O resultado levou o jogo para a prorrogação. Aos 13 minutos, fim do sonho irlandês: Henry(também há a duvida que ele estivesse em posição impedida) mata a bola com a mão esquerda e cruza, para o gol irregular de Gallas. França na Copa. Após a partida, Henry assumiu a matada com a mão, que retirou a camisa de seleção mais bonita do mundo da Copa 2010.

A desclassificação irlandesa facilita a vida de jornalistas e comentaristas esportivos, já que foram chamados de britânicos¹ pelo globo.com, suas bandeiras nos jogos do Celtic (Escócia) são designadas como bandeiras da Itália (na ESPN), Robbie Keane não será confundido com Roy Keane (se bem que não seria, porque o último não atua mais como jogador) e tabelas da Copa feitas no Brasil não farão a tradicional confusão entre as "Irlandas" , que tanto maltratam nossos impolutos locutores.

1 Segundo o artigo (Wikipédia) sobre a seleção irlandesa, a partir de 1990, a seleção irlandesa começou a utilizar alguns jogadores nascidos no Reino Unido, mas de origem Irlandesa. Mas duvido que seja por este motivo que o Globo.com denomine os gaélicos de britâncos. E os irlandeses ficaram putos.
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Fotos 1 e 3: Agência Reuters (via Globo.com)
Foto 2: ATP (via El País-Uy)

''Darseneros'' avançam

Na noite desta quarta-feira enfrentaram-se em Buenos Aires, San Lorenzo x River Plate de Montevidéu, pelas quartas-de-final da Copa Sul-americana. No primeiro jogo o San Lorenzo venceu o River Plate no Centenário, 1 x 0.
Portanto, o River precisava de uma vitória a qualquer custo e qualquer placar, que no mínimo ia levar a decisão para os pênaltis.

E foi o que o clube uruguaio conseguiu. Uma vitória por 1 x 0, no Nuevo Gasometro. Depois do primeiro tempo terminar empatado em 0 x 0, que servia aos “cuervos”, os uruguaios abriram o placar com Porta, logo no começo da segunda etapa. Kily González tentou atrasar para um zagueiro da equipe argentina, mas Porta interceptou, driblou outro defensor e chutou para o gol. A partir daí o San Lorenzo começou a atacar com mais ímpeto, tendo mais posse de bola, mas com poucas chances claras de gol. Aliás, a chance mais clara do jogo seria uma jogada de contra-ataque do River Plate, que estava bem na defesa, e desta maneira tentava o segundo gol. Assim foi a tônica da segunda etapa, bom jogo de futebol, apesar de não ter havido uma grande atuação do San Lorenzo. O River Plate, surpreendentemente até, pela falta de cancha em jogos deste porte, se postou bem, foi matando o jogo com toques na intermediária e prendendo a bola, “amorcegando” a partida, deixando tudo para a decisão por pênaltis.
E sendo assim, com o San Lorenzo ineficiente nas finalizações, a partida ficou no 0 x 1 para os uruguaios.

Aí entra em campo a transmissão do canal Sportv. Para que entendam o ocorrido, cabe explicar que no Sportv estavam passando ao vivo San Lorenzo x River Plate. Até aquele momento crucial do jogo e da competição. No Sportv 2, um amistoso entre Argentinos Jrs e Cruzeiro, jogo de despedida do Sorin. Para o Sportv 1, estava previsto na sequência da programação, o jogo Botafogo x Cerro Porteño, também pela “Sudaca”.
Por motivos que desconheço, o Sportv apostou que a partida de Buenos Aires se resolveria no tempo regulamentar. Então, a cada cobrança finalizada, a transmissão era interrompida por imagens do começo do jogo do Rio de Janeiro. Não dá para entender isto. Além da falta de planejamento (poderiam fazer este “duplex” no Sportv 2, onde passava um amistoso), não entendo como podem não priorizar uma decisão que está nos pênaltis para colocar no ar o começo de uma partida, sendo que as duas eram da mesma grandeza. Mas assim fez o Sportv, confundindo inclusive seu narrador, que chamou o Cerro de San Lorenzo, e entrava nas imagens do jogo do Rio de Janeiro ainda narrando o gol da cobrança anterior em Buenos Aires. Cenas inimagináveis para um canal especializado em esporte, que se dedica só a isto. Aliás, não é a primeira vez que o canal brinda seus assinantes com transmissões cortadas. Na decisão do campeonato argentino na metade deste ano, a transmissão foi interrompida (em seus minutos decisivos e finais) para que mostrassem uma premiação do campeonato mundial de judô. Não era uma luta final, mas uma premiação.

Voltando ao jogo (estou fazendo o que o Sportv fez), o River Plate já havia conseguido a primeira façanha: vencer em Buenos Aires e com o retrospecto negativo da derrota em Montevidéu. A segunda façanha, seria a classificação, mas faltavam as cobranças.

O River começou as séries dando impressão que não teria muito drama. Converteu os dois primeiros, e o San Lorenzo errou o primeiro. 2 x 0. Mas por fim, a coisa terminou empatada em 3 x 3, para desespero do Sportv, imagino, e dos 300 (segundo uma rádio uruguaia) torcedores do River que estavam no estádio. A partir daí, nenhum jogador do River errou. Foram mais oito cobranças (Sportv chora), os dois goleiros também bateram e converteram, até que Pintos, do S. Lorenzo bate e a cobrança é defendida pelo goleiro Luciano dos Santos. Festa uruguaia no Nuevo Gasometro (lágrimas e abraços na cabine de edição do Sportv),depois de um jogo digno das jornadas “coperas”, resultado histórico do River Plate, que agora se coloca nas semi-finais da Copa Sul-americana, esperando o vencedor de LDU x Vélez. Mas como disse o locutor da rádio uruguaia, sobre o próximo adversário do River Plate, após a decisão: “Que importa! Depois de vencer aqui em Buenos Aires, nada é impossível para esta equipe.”.

Aguante, River!

E no Rio de Janeiro, no jogo que o Sportv insistiu em lançar imagens interrompendo as cobranças de tiros livres diretos, Botafogo 1 x 3 Cerro Porteño. Os paraguaios seguem em frente também.

Foto: Agência EFE
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