Guerra em Mataderos

Ontem decidiam uma vaga na Primeira Divisão argentina, Nueva Chicago e Tigres. O Nueva Chicago lutava por sua manutenção na primeira divisão e o Tigre pelo acesso (faz 27 anos desde a última participação do Tigre na primeira divisão).

Em campo, o jogo caminhava para o final, com 2 x 1 para o Tigre, que lhe dava a vaga e rebaixava o Nueva Chicago, quando é marcado um pênalti para o Tigre, que sacramentaria o desfecho da partida.

A partir daí, torcedores do Nueva Chicago (mandante da partida) invadem o campo e começam a agredir os cerca de 3.500 torcedores do Tigre, que não tiveram tempo de comemorar o desejado acesso à primeira divisão. A violência se mostrou com arremessos de paus, pedras, placas publicitárias e qualquer objeto mais contundente.

Se observarem o vídeo postado logo aí abaixo, verão cenas lamentáveis, pois além da briga entre torcidas, a torcida do Tigre ficou encurralada num canto do estádio, enquanto era alvejada por paus e pedras, arremessados por torcedores do Nueva Chicago que se encontravam dentro do campo. Entre a torcida do Tigre nota-se que há mulheres e crianças, que nada podem fazer para se proteger e fugir das pedradas, a não ser levantar o casaco e tentar cobrir a cabeça.
Os policiais pouco fazem (segundo reportagem do Clarín eram 350, mas pareciam menos, pelo menos no foco da confusão), e se observarem no vídeo, em certo momento parte da torcida do N. Chicago que invadiu o campo sai em disparada para o sentido inverso da confusão, e começa a sair do campo. Infelizmente saiam não por terem sido expulsos pelos policiais, mas sim porque observavam que os torcedores do Tigres começavam a conseguir abandonar as arquibancadas, e o objetivo dos que correram de dentro do campo, ao que parece, era continuar a briga fora do estádio, o que acabou ocorrendo.

O saldo futebolístico foi a queda do Nueva Chicago para a B e o acesso do Tigre para a A no argentino.

O saldo da violência, além de demonstrar despreparo da polícia lá presente, foi de 14 feridos e 78 detidos.
A nota mais trágica do ocorrido foi a morte de um torcedor do Tigre, de 41 anos, por traumatismo craniano, por causa de uma pedrada.
Mas pelas imagens da batalha campal de ontem e que se seguiu pelas ruas, pode-se dizer que poderia ter muito pior, como em outras tragédias.

O jornal Olé descreve no trecho final de sua reportagem:

"Desde la platea se escuchaban estallar los vidrios de de los autos; las narices y ojos picaban cuando el viento arrimaba los resabios del gas lacrimógeno disperso afuera, y un humo negro se veía a lo lejos: en Corrales y Cárdenas uno de los micros ardía en llamas. El resto de la caravana de Tigre era apedreada en Gral. Paz y Corrales, donde la batalla fue feroz. Tanto que el tránsito de la avenida se frenó por completo cuando la gente cruzaba, con cascotes en sus manos.
Sangre y muerte.
Todo está en manos del Juzgado de Instrucción Nº 2, a cargo del juez Omar Aníbal Peralta. Quedó la tragedia..."

Fontes:
http://www.clarin.com/diario/2007/06/25/um/m-01445126.htm
http://www.ole.com.ar/notas/2007/06/26/01445435.html


Noel e sua paixão futebolera

Noel Gallagher (foto aí do lado), guitarrista da banda britânica Oasis, declarou que pretende comprar a equipe inglesa do Manchester City (rival do Manchester United, de projeção internacional bem maior). Na realidade é aquele esquema de ações da equipe, e Noel compraria o suficiente para se tornar o acionista majoritário. O valor: algo em torno de 1,5 milhões de reais, o que Noel, a despeito de nós, pobres (literal e metaforicamente) mortais, chama de "mixaria" (que no fundo pode ser verdade, se for relativado).

O comentário dele, ao periódico musical NME: "Gosto do time desde criança e parece brincadeira que eu agora possa adquiri-lo por uma mixaria. Acredito que nós possamos juntar cerca de 400 mil libras [cerca de R$ 1,5 milhões] em dinheiro para comprar o clube".
A aventura no futebol contaria com a participação de Mike Pickering (produtor da banda e diretor da Sony BMG)., que seria seu sócio no negócio .
A paixão de Noel pelo Manchester City (segundo o site argentino La-Redó, o clube mais popular da cidade inglesa) não é de hoje.









Lembro que em uma reportagem da revista Showbizz (antiga Bizz, que não sei se ainda existe, desculpem) que cobria uma turnê deles no Brasil, Noel perguntou para um repórter brasileiro como conseguir notícia do campeonato inglês. Queria saber se seu time havia conseguido a vaga para a primeira divisão (hoje em dia o Manchester City encontra-se na Premier League, mas sempre namora com a Segundona de lá). Achei interessante, pois não é tão comum, apesar de não ser raro, estrelas do rock internacional preocupadas com os seus times, e não apenas posando pra foto com a respectiva camisa de vez em quando (na foto ao lado, Noel ainda guri).
Há alguns anos atrás, apesar do interesse pelo clube, Noel refutou a possibilidade de entrar no mundo da cartolagem inglesa, e explanou um dos motivos: "não quero uma horda de holligans na minha casa me xingando caso a equipe não vença".
De qualquer maneira, independente do negócio se concretizar, Noel faz lembrar o sonho de muitos torcedores (principalmente de equipes menores), que é se tornar um dirigente do clube, e ainda com a possibilidade de botar uns pilas em cima, coisa que é reservada apenas a quem tem algum sobrando, em grande escala. Se eu fosse ele, não disperdiçaria a chance.
Na pesquisa para esta postagem (leia-se, Google), acabei encontrando outra frase de Noel, bem interessante, sobre a seleção inglesa. A pergunta era sobre a participação inglesa na Copa de 2006 (que já havia sido eliminada à época da entrevista):
Pergunta: O que você achou da campanha da Inglaterra?
Média. Não tão ruim quanto estão dizendo. Os jogadores ingleses são muito valorizados em um time onde são cercados por jogadores de outros países, mas se reunirmos 11 ingleses em um time de futebol, é uma tragédia. Na Inglaterra, estão criticando muito Sven (Goran Eriksson), mas fala-se muito de tática – não temos um jogador tão habilidoso quanto Henry, Ronaldinho ou Ronaldo, nem goleiros tão bons quanto (Jens) Lehmann. Temos apenas (Wayne) Rooney e (David) Beckham, mas ele está encerrando a carreira. Todos os nossos melhores jogadores, como Steven Gerrard, (Frank) Lampard, John Terry são potentes– são famosos por suas entradas duras e têm fôlego para correr o dia todo."

Inter Campeão da Recopa e o futebol do RS

Com a conquista do Inter de ontem, o clube gaúcho também obteve a chamada "tríplice coroa", já que sagrou-se campeão da Libertadores, Mundial de Clubes e Recopa, na seqüência.
Para o clube colorado, além de todos os benefícios que um título oferece, há a vantagem de mais uma vez inserir o nome/marca no futebol internacional. Apesar da Recopa ser um título menos importante que a Libertadores de 2006 (no caso do Inter), é o terceiro título internacional conquistado no espaço de um ano, o que acaba resultando na afirmação da marca no cenário e mercado do continente. Não sei como o Inter se comportará no decorrer do Brasileirão, mas penso que a maioria dos colorados deseja no mínimo uma classificação para a sulamericana de 2008, que apesar de não ter a mesma grandeza da Libertadores, ainda assim, no meu ponto de vista, é melhor que disputar a Copa do Brasil no primeiro semestre, pelos mesmos motivos citados na conquista da Recopa. E é claro, disputar vaga para a própria Libertadores 2008 não é missão impossível.


Pelo lado gremista, uma grande final contra o Boca Juniors se aproxima. Independente das projeções para a próxima partida, o que fica evidente, é que o futebol gaúcho se encontra num momento muito especial.


O comentarista Paulo César Vasconcelos (Sportv) ao final da transmissão de ontem entre Internacional e Pachuca falou com muita propriedade que Porto Alegre tinha se transformado na capital do futebol da América do Sul, com a final da Recopa e da Libertadores no mesmo período, e com dois times diferentes.


O futebol é cíclico, todos sabem, difícil manter o mesmo patamar (principalmente quando este é elevado), e que fases boas e ruins normalmente se alteram. Mas no que diz respeito ao futebol gaúcho, é um caso diferenciado.


Nos anos 70, o Inter já se mostrava para o Brasil como um dos melhores elencos da América do Sul, 3 vezes campeão nacional, finalista da Libertadores em 80. Nos anos 80, o Grêmio conquistava o Nacional, Libertadores e o mundial, e o Inter duas vezes finalista do Brasileirão.

Nos anos 90, o Inter conquistaria sua primeira Copa do Brasil, o Grêmio sua segunda Libertadores, Copa do Brasil e bi-nacional, e o Juventude a Copa do Brasil e a ida para a primeira divisão.


Os anos 2000 começaram com mais uma Copa do Brasil para o Grêmio e, excetuado a queda do Grêmio para a segunda divisão, desempenhos muito bons dos gaúchos no Brasileirão (Grêmio: 4º em 2000, 3º em 2002 e 3º em 2006. Inter: 5º em 2004, 2º em 2005 e 2º em 2006) ainda que não o tenham reconquistado. No ano passado, Libertadores e Mundial conquistado pelo o Inter e a Recopa este ano. E, também neste ano, o Grêmio é finalista da Libertadores.


Isto para outros estados com populações muito maiores e com orçamentos dedicados ao futebol também maiores, já seria um feito também. Mas no caso do Rio Grande do Sul os feitos carregam uma marca de superação ainda maior. Para moradores de fora do Rio Grande do Sul deve ser quase intrigante como os dois clubes (principalmente) do Estado se mantêm, de uma maneira outra, em uma época ou outra, conquistando títulos ou se mantendo sempre de forma competitiva. E neste 2007, a peculiaridade é que os dois estão em evidência internacional. O Rio Grande do Sul, futebolisticamente está em evidência, de maneira positiva.


Não sei se é exagero, mas pela situação política e econômica que vem atravessando o Rio Grande do Sul, pelo tamanho de sua população, se não fosse esta superação (claro que aqui também entram outros fatores, como a luta constante pela melhor organização dos clubes) tenho a impressão que a realidade era para ser outra.

Se observarmos a nosso tradicional posicionamento periférico (geográfica, cultural e economicamente), e compararmos com outros centros, tem-se a nítida impressão que Inter e Grêmio não eram para ter conquistado muito mais coisas que outras duplas periféricas, e seriam algo como a dupla Ba-Vi, Sport e Santa Cruz (ou Náutico), Coritiba e Atlético.

Vejam que nem Minas Gerais, de população muito maior, mais "central", e com uma situação em termos de rivalidade parecida com a realidade gaúcha, chega perto disto com seus dois grandes clubes.

Nesta postagem não tenho a pretensão de explicar os possíveis motivos para esta situação, mas apenas chamar a atenção para esta peculiaridade do futebol do Rio Grande do Sul, e que tem contribuído para esta situação positiva atual.


De maneira mais clara, o futebol gaúcho é um intruso. Um cara que não convidam para a festa, mas ele insiste em ir, entrar pela porta da frente e lá dentro acaba sendo o mais popular.

Os times daqui não eram para estar onde e estão e onde já estiveram, se é que vocês me entendem.


Somando todos estes fatos, lembrando que o Rio Grande do Sul é o atual campeão da Libertadores e Mundial, e que temos o atual finalista da Libertadores, cabe a pergunta: poderíamos achar que o futebol brasileiro está em decadência? Se a mensuração de decadência/apogeu se dá através dos títulos ( e normalmente é através disto mesmo), a resposta certamente será não. Pois Inter e Grêmio, apesar de certa diferença no estilo se comparado à média, são brasileiros.


Na postagem anterior, o leitor Esteban argumentou neste blog:

"Hola,

Acá es motivo de mucha alegria saber que equipo de Gremio es adiversario de Boca juniors.la verdad acá estamos muy contente en saber que no es Equipo de Santos o adiversario de Boca juniors.nosotro no queria Santos como adiversario , por ser una equipo muy fuorte e bien mejor que Gremio.Tiendo equipo de Gremio como adiversario, Boca tien la gran capacidad de triunfo en libertadores. La verdad fútbol de brazil es decadiente, fútbol Gaucho es muy fraco y inferior la fútbol Argentino.Perdón la sinceridad y portuñol

Muchas gracias,

esteban

Córdoba"


Por tudo isto, respeitosamente discordo do Esteban. O futebol brasileiro não pode ser considerado decadente (pelo menos ainda) justamente pelos últimos resultados. São dois anos seguidos de final brasileira na Libertadores. É o terceiro ano seguido que há um brasileiro na final. E por todos os motivos explanados acima, é difícil considerar o futebol gaúcho fraco.

Se é fraco, o que há que conquistar para ser considerado forte?


É um momento especial para o futebol gaúcho, mas não é de hoje. Desde os anos 70 o futebol do Rio Grande do Sul tem se mantido entre os melhores da América do Sul e por duas vezes, do mundo.


A única ressalva que pode ser feita, é que infelizmente o futebol do interior do RS (com exceção do Juventude) ainda não foi beneficiado por estas conquistas, o que poderia ter ocorrido já há algum tempo, mesmo que de forma indireta, através da Federação Gaúcha de Futebol, com contratos de patrocinadores e cotas de transmissão que atendessem um pouco mais os pequenos do interior do Estado. Mas quem sabe até este ponto possa ser melhorado, e a presença de gaúchos nos campeonatos nacionais seja constante e positiva nas três divisões do futebol brasileiro.


Ao Inter, parabéns pela conquista da Recopa e da Tríplice Coroa!

Ao Grêmio, sorte nas finais da Libertadores.

Foto: www.facetasdeportivastv.com


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