Y se dicen hinchas...

Aconteceu em Rosário, Argentina. Depois de 14 anos de administração de Eduardo López, agora ex-presidente do Newell’s Old Boys, o novo presidente encontrou um clube quase que, literalmente, em ruínas.
As frase de Guillermo Lorente (presidente empossado) é ilustrativa:
“Newell's parece Kosovo”.

Novos presidentes encontrarem situações desalentadoras quando da posse em clubes é fato corriqueiro. Mas o que chama atenção nesta notícia, é que a barra-brava leprosa participou de saques nas duas sedes do clube, Bella Vista e Malvinas (onde abrigam as categorias de base), após a vitória do grupo de Guillermo Lorente. Segundo o jornal Olé, a barra possui ligação com o ex-presidente do clube.

Na madrugada de segunda-feira, três caminhões estacionaram em frente à sede da Bella Vista, com alguns integrantes da barra. Saquearam de tudo: computadores, material de escritório, uniformes do time (que já estão sendo vendidos em bairros de Rosário, segundo a notícia), bolas de futebol, ventiladores, máquinas de escrever, refrigeradores de ar, 10 câmeras de seguranças, material de treinamento, entre outras coisas.

Não satisfeitos, foram até a sede onde treinam as categorias de base do clube, e de lá também furtaram material esportivo, inclusive as roupas das crianças que lá jogam (palavras do Olé: “¡Se llevaron hasta la ropa de los chicos!”).

Administrativamente há outros danos, como sumiço de livros de contabilidade, dinheiro e outros itens que tratam da organização do clube. Outro exemplo: o Newell’s não recebia energia elétrica da companhia de luz por estar há anos sem pagar. A energia elétrica vinha de geradores próprios que...também foram roubados. Mas o que mais espanta, volto no tema, é a atitude deste grupo de barras.

E não parou no saque: partiram pra depredação do próprio clube. O busto do fundador do clube foi destruído, os troféus foram achados amontoados em um canto, além de muitos vidros quebrados, tudo contra a sede.

Este lamentável episódio (e é lamentável, sim, não é ser “politicamente correto”, ou um discurso clichê, achar isto lastimável) serve para desmistificar algumas quase “lendas urbanas” sobre barra-bravas que circulam por aqui. Se por um lado é certo que existe uma característica argentina de um apoio que algumas vezes parece incondicional, por outro lado tem alguns pseudo-torcedores que estão ali por interesse financeiro, e que há muito tempo deixaram de serem torcedores, e sim parasitas do clube, pouco lhes importando a situação do time, a não ser quando esta reflete diretamente nos seus ganhos.

Que isto ocorre em qualquer lugar do mundo, é fato sabido, mas no caso argentino a referência que se faz é com alguns mitos que se criaram aqui no Brasil sobre a atuação destas facções, como se tudo fosse por amor ao clube. Infelizmente não é assim, o resto é apenas uma visão romântica de quem só vê o belo espetáculo dentro do estádio. Em alguns casos, o preço é altíssimo, como este que o Newell’s está pagando.

No Brasil, Argentina, Uruguai ou em qualquer lugar do mundo, quando a paixão é substituída por dinheiro, a coisa muda de figura. Porque ninguém há de dizer que destruir o busto do fundador do clube é um ato de paixão, ou um “manifesto político”. Não há crise, oposição à presidência ou qualquer insatisfação que faça um verdadeiro torcedor atentar contra a história de seu clube. Torcedor. ‘’Profissionais’’ são bem diferentes.


O título desta postagem é a legenda da foto publicada pelo Olé.


Fonte e foto: Diário Olé:
http://www.ole.clarin.com/notas/2008/12/19/futbollocal/01825205.html

http://www.ole.clarin.com/notas/2008/12/16/futbollocal/01822990.html

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