Clássico Eterno

Nasci alguns meses antes da Argentina ser campeã mundial pela primeira vez. O Brasil empatou em 0 x 0 num confronto também em Rosário, como o do próximo sábado. Depois a Argentina seguiu em frente goleando o Peru, o que até hoje rende polêmica pelo placar, e saiu campeã contra a Holanda.

A primeira Copa do Mundo que quase assisti foi em 82. Como tinha apenas 4 anos, não lembro de nada, a não ser que minha família assistia os jogos, e que sofreram com a eliminação frente à Itália. Alguns anos depois a imagem do Falcão comemorando o gol que marcou naquele jogo entrou num clipe de final de ano da RBS TV (aquele repetido à exaustão nos finais de outros anos, da música “Vida”) e meus pais ao verem a cena da comemoração no clipe ainda lamentavam, comentando que todo aquele esforço, infelizmente, não rendeu a classificação. Mas nesta Copa, eu não lembro do jogo, possivelmente nem assisti, enfrentamos a Argentina de novo. 3 x 1 para o Brasil, com expulsão de Maradona por uma solada em Batista.
Li na coluna do Falcão estes dias, que Maradona declarou que aquela solada era na verdade para Falcão, que estaria debochando dos derrotados (Falcão negou, dizendo que isso nunca foi seu estilo).

Já em 86 eu lembro de muito mais lances dos jogos e dos sentimentos. Havia ganhado uma camisa oficial do Brasil, uma linda camisa da Topper, na época em que dentro
do escudo estava a Jules Rimet, e um detalhe com um ramo de café.
Foi com ela que assisti aquele golaço do Josimar no 3 x 0 contra a improvável Irlanda do Norte e eliminação nos pênaltis (quartas-de-final, contra a França), sendo que durante o jogo, quando ainda estava empate, Zico, que havia entrado alguns minutos antes, perdeu um pênalti sofrido por Branco. Desde este jogo que detesto comemorações por pênaltis marcados, antes de serem concluídos.


Depois da partida fui para a casa do meu vizinho para jogar botão e encontrei o pai dele, que na época parecia ter mais de 2 metros de altura, debruçado numa estante, chorando a eliminação. Na final, Alemanha e Argentina. Jogávamos bola na frente de nossas casas, já sem o menor interesse pela Copa, mas na rua estreita ouvíamos os gols narrados na TV. Ia 2 x 0 para a Argentina, até que deduzimos que a Alemanha havia empatado pelos berros daquele vizinho que havia chorado a eliminação do Brasil dias antes: - Era disso que “precisávamos”! Era disso!
Não, ele não era descendente de alemães ou algo do tipo.
Mas no final não houve jeito, Burrochaga, num gol clássico, fez o 3º e definitivo tento platino, decretando a segunda e dolorosa eliminação do meu vizinho naquela copa.

http://www.youtube.com/watch?v=UeleVz86uKI

Desta copa também lembro das tradicionais figurinhas do chiclete Ping Pong. Hoje em dia acho que nem o chiclete existe mais.

Na Copa de 90, a seleção de Lazaroni encontraria a Argentina nas quartas-de-final. Mais sofrimento (por isso sempre digo que a geração pós-90 não está nem aí pra “selenike” muito em virtude da fartura de finais e títulos...antes era dureza). A história não conta, mas o Brasil foi muito melhor durante o jogo. Mas numa jogada genial, Maradona coloca Caniggia frente a frente com Taffarel (lembra do gol do Burrochaga?), e gol da Argentina. Aqui no Brasil falavam que Alemão, companheiro de Maradona no Nápoli, deveria ter entrado rachando e que não fez por ser amigo do argentino. Um golaço, além de tudo. Aquele gol eu senti mais que a eliminação nos pênaltis para França. Além de estar mais velho, a disputa por pênaltis meio que vai fortalecendo o couro em caso de derrota.
Mas aquele gol de Caniggia, não. Nos deixou atônitos. O replay, com a câmera de trás do gol, era como um soco na boca do estômago quando a bola batia na rede.

http://www.youtube.com/watch?v=2zENs7iALyg


Terminado o jogo, fomos jogar bola, meio sem vontade, comentando do jogo. Mas no começo dos 90 era assim que curávamos as tristezas futeboleras. Jogando futebol.

Brasil e Argentina são de tal forma envolvidos em termos de futebol, que até nas Copas que não se enfrentam, um acompanha o outro. Lamento por aqueles que hoje em dia acham Brasil e Argentina somente mais jogo, por causa do dinheiro, da falta de respeito de alguns jogadores, etc. Não deixam de ter razão, mas prefiro a nostalgia dos 80, revivida em lampejos como na Copa América de 2004.

http://www.youtube.com/watch?v=8txyy_PXQM8

P.S: tentei por várias vezes colocar os vídeos diretos aqui, mas o Blogger está dando problema, pra variar.

Fotos: do Google Imagens, em blogs que não citavam os autores.

2 comentários:

Silva Júnior disse...

Fala George...valeu as palavras, vou seguir teu conselho de "desestressar".. Sobre o texto, a minha foi 90, quando chorei no cantinho com aquele gol do Caniggia.. Sobre as figurinhas, em 1994 ninguém tinha o Ricardo Gomes no álbum...era coisa rara a figurinha dele, porque ele foi cortado antes da copa e a figurinha saiu de circulação..fica o registro...hehe

Abraço cara..

George disse...

Eu lembro, não da raridade da figurinha, mas do corte do Ricardo Gomes. E confesso que ainda curto álbuns de figurinhas das Copas....hahahahaha.

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