Futebol por todas as estações

Neste final de 2007 fui passar o Natal em Jaguarão, cidade gaúcha que faz divisa com Rio Branco no Uruguay. As cidades são ligadas por uma ponte (Ponte Mauá), e são peculiares e belíssimas.

No lado uruguayo, bem na margem do Rio Jaguarão, encontram-se vários free-shops, para deleite de vários brasileiros que vão para lá abastecerem-se de especiarias e produtos, principalmente eletrônicos. Vi carros com placas de várias cidades gaúchas (algumas bem distantes, como Venâncio Aires e Palmeira das Missões) e o comércio é bastante intenso, principalmente nos finais de semana.

Junto com meu irmão, invadimos o lado uruguayo, uma vez a pé e outra de carro. Quando de carro, fomos até o balneário uruguayo da Lagoa Mirim. Achei até que seria mais acanhado, mas já conta com uma estrutura razoável. Nesta ida até lá, fui procurando algo sobre futebol para depois postar por aqui.

Em termos de camisas de clubes nas ruas, vi várias de Inter e Grêmio, mas possivelmente fossem pessoas de Jaguarão (muitos têm moradia no lado castelhano ou no próprio balneário). Lá também tem o fenômeno dos camelôs, e nestas “tiendas” também tinham várias camisas de times brasileiros (de procedência pirata, óbvio). A maioria era da dupla Gre-Nal, mas também observei algumas de clubes argentinos, Peñarol e Nacional, claro, e de brasileiros vi as de São Paulo, Santos, Palmeiras (sim, a verde-limão) e Flamengo. Creio que sejam os uruguayos que comprem as camisetas da dupla Gre-Nal, pois não tenho motivos para acreditar que alguém vá do outro lado da fronteira para comprar uma camisa pirata...do time de sua própria cidade. Mas não sei ao certo, para falar a verdade.

As impressões sobre a pequena e simpática Rio Branco foram as melhores. Como aqui não é um blog de turismo, vou resumir em algumas frases:
Rio Branco é uma cidade bastante limpa (excetuando-se a zona dos free-shop, que fica mais afastada do centro, mais perto da margem do rio).
Os motoristas respeitam a faixa de segurança, incrível.
E sim, existe futebol na cidade, ainda que não seja profissional.


Vejam o futebol presente no dia-a-dia, neste muro abaixo. Fui obrigado a tirar uma foto. Sensacional, uma pena que está tão descascado, mas este muro fica na "avenida principal" de Rio Branco:


Um adendo na parte gastronômica: bem na entrada do centro de Rio Branco, há o restaurante “La Punta”. Não sei se é o melhor ou o mais barato, pois foi o único que fui, além do “El Turista” (o "el turista" não é ruim, fica junto com os free-shop, mas como o nome sugere, é mais caro). No "La Punta" eles servem o “chivito” (foto abaixo), mas tens que adentrar um pouco mais na cidade de Rio Branco.


Neste amontoado que vocês podem observar na foto do delicioso chivito, escondem-se dois filés e dois nacos de bacon. Belleza muchacho, como já disse Jorge Ramos. 18 reais e teoricamente serve duas pessoas (tudo é duplo), mas aí depende do freguês, é claro. Patrícia de litro a 4 pila, e gelada. Mas não é em todos os lugares que a cerveja é “gelada” para os padrões daqui. Em alguns locais eles não se preocupam muito com a temperatura da cerveja, e existem explicações teóricas sobre a cerveja não ser tão gelada, mas não vêm ao caso.
E o “chivito” pode ser encontrado também em lanches de rua, como na praça central, mas não sei o preço e a qualidade. O do “La Punta” é muito bom. Os de “bicão” não quisemos experimentar porque no chivito vai salada de maionese, mais perigosa que atacante ruim, mas veloz, de time pequeno jogando no contra-ataque, ainda mais no calor que estava.

Na estrada que leva de Rio Branco para o balneário, achamos o estádio da cidade. A foto não está boa, mas o estádio é melhor do que as fotos: possui iluminação, cabines de imprensa e arquibancada.



É um estádio acanhado, mas muito bem cuidado. No momento em que chegamos acontecia um treino. Como o clube é semi-profissional (ou semi-amador, conforme a ótica), cada um trajava material de treino exclusivo (em relação aos demais da própria equipe). Impressionante a variedade. Um dos jogadores trajava uma listrada amarela e preta de mangas longas, a despeito do calor de quase 40º. Tenho certeza que era a camisa do Bagé, já que só olhei de longe e nem estar no país do Penãrol me demoveu da idéia de que ele estava envergando a camisa jalde-negra do GEB.
Só um jalde-negro para estar de manga longa naquele calor, e ele era o único.

O nome deste clube é como vários aqui no Brasil: “Ferroviário”. As cores são o azul e amarelo, a julgar pelas cores do estádio, pois não vi camisetas (abaixo a bilheteria do clube).



O motivo: a sede se localiza quase na linha férrea, que passa atrás do estádio. Assim como aqui, a linda estação ferroviária está abandonada (foto abaixo), e sua arquitetura guarda alguma pujança econômica que ficou no passado. Uma pena.

Mas o Ferroviário segue firme e treinando. Eu não pude descobrir como é o sistema do campeonato deles, mas no Uruguay a “divisão amadora” disputa jogos contra outras equipes do “departamento”, podendo chegar a ser campeão nacional nesta categoria. Tenho que descobrir o nome e sistema de disputa... Imagino que seja uma competição interessante.

Finalizo a postagem dando boas-vindas ao nosso novo colaborador, o Froner. Froner além de escrever sobre futebol, tem um projeto musical (solo) denominado “Svanat”. Como gostei bastante das músicas, especialmente da “D’alba”, utilizei ela para ilustrar algumas imagens de Jaguarão e Rio Branco (ou as fotos ilustram a música). Dêem uma conferida aí em baixo, no “vídeo”, e podem achar mais músicas do projeto do Froner em
Svanat . Tem tudo a ver com o pampa. Parabéns, Froner.
Cabe avisar que das fotos que coloquei neste vídeo, apenas 4 são de minha autoria, retirei as outras do Flickr, e são vários os autores, espero que me desculpem por não nomear um por um.

Amanhã tem postagem do Maurício e estamos inseridos no Prêmio Ibest, se alguém tiver paciência para votar, chegue de carrinho:

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3 comentários:

Maurício Alejándro Kehrwald disse...

Que música emocionante. Consegui ficar acordado por quase 40 segundos.

R. Froner disse...

Belo post, quero conhecer mais a metade sul, porque a norte eu já vi quase toda.

Existe muita diferença entre o lado gaúcho e o lado uruguaio, George?

PS.: Deixo claro que eu não tenho nada a ver com esse video e com a propaganda, apesar de ter ficado muito bom o video e o marketing hahahahahah

Maurício: 40 é o suficiente, um beijo pra ti! auhahuauhauh

George disse...

Froner, entre as cidades da fronteira a diferença é menor, por causa da convivência diária e das pessoas que praticamente vivem dos dois lados (trabalha num lado e mora no outro, por exemplo).
Algumas casas me lembraram as de alguns bairros de Bagé.
Mas o idioma sempre vai ser a maior diferença mesmo.

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