Não adianta, fomos enganados.
Se você urina de pé e tem entre vinte e poucos e trinta e alguns, já descobriu, mas nunca é demais lembrar: fomos, repito, enganados.
Todos nós, integrantes de uma irmandade de embusteados por quem menos deveria nos enganar: nossos progenitores; nossos pais.
- Maurício Eduardo, não vai jogar bola sem antes fazer os temas! (aqui no Rio Grande nós chamamos a lição de casa de tema)
- Mas, mãe... eu vou ser jogador!
- Não delira, guri! Quer ter um futuro? Estuda! Tem que estudar se quiser ter em emprego bom e blablablá...
Emprego bom?
Estudar?
Anos depois:
- Conseguiu emprego?
- Claro que não, velha filha da puta! Tô quase formado e não arrumo um emprego que me pague mais de 500 pilas!
- Ah, é assim mesmo...
- Assim mesmo é o teu cu. E agora já tô muito velho pra jogar futebol.
- Olha o respeito com a tua mãe...
- Respeito é o caralho. Eu tô fudido.
- (...)
- Vou sair. Sobrou R$6 e eu posso tomar um litro de vodca pra esquecer que eu nasci.
Ou isso ou você explica para os que arruinaram sua vida que o Avestruz, volante pesado, anão e atarracado )além de, dizem as más línguas, bêbado e gaveteiro) ganha por mês o que ele ganham - juntos - em um ano.
Você pode xingá-los e culpá-los.
Ou lamentar por não ter insistido mais.
Infelizmente, pra você não há mais tempo.
Mas sempre há uma parte engraçada: você não terá outra vida para realizar este sonho.
Ah, esta não é a parte engraçada!
A parte engraçada é que o Avestruz, agora 2 quilos mais pesado e um ano mais velho, foi contratado pelo Vasco por R$40.000 por mês e você não ganhará isso nos próximos 3 anos.
É irrevogável: nossos pais estavam errados.
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Texto de Maurício Alejándro Kehrwald
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1 comentários:
Fantástico! (o texto, não um programinha dominical batido, que chamam de revista eletrônica semanal... blargh!)
Meus pais me enganaram direitinho. Tinha dia que eu matava até treino para seguir o conselho deles. Quando ocorria o contrário, vinha bronca e tramela o resto da semana.
Hoje era pra eu estar jogando no lugar do Allan Kardec no Vasco, tranqüilo.
Ah, e se o Avestruz em questão for o Beto, a piada foi ainda mais genial.
Fiz uma "leitura dinâmica" básica no resto e parece ser tão bem escrito como esse post. Outra hora, volto com mais tempo e menos sono e leio direitinho.
Um abraço.
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